tag:blogger.com,1999:blog-57665151080920743922024-03-04T21:45:23.642-08:00Pacientes EnsinamAlgumas vezes ouvimos e vemos coisas sem perceber a possibilidade de delas retirarmos alguma lição. Esse blog objetiva falar do que eu tenho aprendido com os pacientes, suas famílias, suas queixas e seus desejos, subentendidos ou expressos. É um relato do que é pouco visto nas faculdades na área da saúde: o lado subjetivo do viver. Serão relatadas também experiências agradáveis e desagradáveis como aluna de Medicina. Deixo um convite à reflexão sobre a vivência do aprender e fazer saúde.Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.comBlogger101125tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-79324287816176344632015-08-16T05:24:00.000-07:002015-08-16T05:24:41.007-07:00"Sine cera"<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHqjqHfpMWyyh3hA-JAUrR0dIWg9Yn10HOwuqZp2D4GyrCo_2SUdJj0Q_CdyWXX65AQ6u9esNJvsGklNqV7PSGeZYnycBjWURFfYgC6viHcCJO5kRMQYFc_t8o93xdUxSyjjr7sq0qJWqL/s1600/A-IDOSA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHqjqHfpMWyyh3hA-JAUrR0dIWg9Yn10HOwuqZp2D4GyrCo_2SUdJj0Q_CdyWXX65AQ6u9esNJvsGklNqV7PSGeZYnycBjWURFfYgC6viHcCJO5kRMQYFc_t8o93xdUxSyjjr7sq0qJWqL/s320/A-IDOSA.jpg" width="229" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de galeriadearte.arteblog.com.br</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
Havia uma movimentação estranha na porta do consultório. Era habitual que, no atendimento do posto de saúde, sempre houvesse muitos risos e falatório do lado de fora, mas naquela manhã estavam muito intensos. Quando abri a porta do consultório e anunciei o nome do próximo paciente, uma figura baixinha, algo encurvada, com a expressão de quem não estava para brincadeiras gritou em alto e bom som "Ave Maria, finalmente me chamou! Deus me livre, como é que a gente espera tanto pra ser atendida, minha filha? Sou uma idosa, tenho pressão alta e diabetes, sabia? Já 'tava' passando mal!". Eu, que venho treinando o meu melhor sorriso para todas as ocasiões em que os pacientes nos veem com essas, ajudei a senhora a entrar ano consultório com o sorriso no rosto e sem dizer palavra. <strong><span style="background-color: #999999;">AFINAL, DEFINITIVAMENTE NÃO ERA A PRIMEIRA VEZ QUE LIDAVA COM UMA SITUAÇÃO ASSIM</span></strong>.<br />
<br />
Ela começou então a falar dos remédios que tomava e das dores que sentia. Doía aqui e doía ali. Aparentemente estava começando uma "virose" e, depois de perguntar sobre alguns "sinais de alarme", levantei e avisei que iria examiná-la. A paciente, que já não estava tão emburrada e falava alegremente dos netos pequeninos, continuou falando quando eu lhe disse "Vou examinar seu coração, Dona Fulana". Rapidamente coloquei o estetoscópio em posição e fui ajustando o aparelho no tórax dela, sobre o foco aórtico (é por onde geralmente inicio a ausculta, localiza-se do lado direito do tórax). Ela subitamente parou de falar, me olhou como quem repreende um neto e disse:<br />
<br />
- <strong><span style="background-color: orange;">Não, minha filha, o coração fica do lado esquerdo do peito!</span></strong><br />
<br />
<div style="text-align: center;">
°°°</div>
<br />
<strong><span style="background-color: #999999;">OS PACIENTES PODEM ALGUMAS VEZES NÃO ENTENDER O QUE ESTAMS FAZENDO, E ESSA INCERTEZA ASSUSTA</span></strong>. Como pode ser examinada por uma médica que nem sabe que lado fica o coração? Eu expliquei àquela senhora que a gente escutava um monte de pontos no tórax pra saber se o coração estava bem, inclusive "o lado direito". Mas isso me fez lembrar das centenas de vezes que fiz esse gesto e que o paciente quis perguntar a mesma coisa e não o fez. A idosa usou da permissão que o passar dos anos nos dá para falar, falar o que a sociedade nos tolhe quando somos mais jovens. Achei bonita a sinceridade. Acho que nos engrandece um pouco ser, por vezes, confrontados. Essa é a arte de lidar com pessoas.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
p.s.: Diz que a palavra "sincero" teve origem na Roma Antiga ("<em>sine cera</em>") quando, na fabricação de estátuas de mármore, os escultores desonestos cobriam as imperfeições com cera. Assim, aqueles que eram considerados honestos, não usavam deste artifício, fazendo esculturas "sem cera".<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIGK7j-Yk5wMcWQUSE0Q_eCLrKtMl-QgUx6Iwo2DVjiQSMS-da7Yl3ATtfCm1-imu2950LM7J6dKOiMyNInmhVhBdQV-wtswRhfIOstw4bQCupp-PKiZbr_XNVW76rK51x9MtdCUAkzjq8/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIGK7j-Yk5wMcWQUSE0Q_eCLrKtMl-QgUx6Iwo2DVjiQSMS-da7Yl3ATtfCm1-imu2950LM7J6dKOiMyNInmhVhBdQV-wtswRhfIOstw4bQCupp-PKiZbr_XNVW76rK51x9MtdCUAkzjq8/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-22728873734358951722014-09-01T18:56:00.000-07:002014-09-01T18:56:46.357-07:00O meu Silêncio<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6g9Es3DHa3-umzgPXAKQRE0zTly0UQYS65qRQVHCWaTUaklUJImRlF6SFwMd5qz9czqxCCkWyZY-a9g1zCtyvqLXrvx3xvZCrEMOjoKPs7jEWg40QhaSLEslcGn4K6vhCWzQAoKZWpM7S/s1600/poemas-para-mamaes-de-primeira-viagem-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6g9Es3DHa3-umzgPXAKQRE0zTly0UQYS65qRQVHCWaTUaklUJImRlF6SFwMd5qz9czqxCCkWyZY-a9g1zCtyvqLXrvx3xvZCrEMOjoKPs7jEWg40QhaSLEslcGn4K6vhCWzQAoKZWpM7S/s1600/poemas-para-mamaes-de-primeira-viagem-1.jpg" height="320" width="234" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de mensagens.culturamix.com/</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
Há quase sete meses eu vinha em um silêncio literário. Nenhuma palavra, nenhum novo relato. Não que eu não tivesse aprendido nada; não que eles, os pacientes, não continuassem a me ensinar mais e mais. Era um silêncio meu, a vida que nos consome. Então tive a pretensão de resumir esses dias silenciosos, mas de antemão sei que não terei como conseguir. Não tenho como falar de cada um deles e de seus ensinamentos assim, de supetão. Mas posso falar do que estive aprendendo esses dias.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
.<b>.</b>.</div>
<br />
Há alguns meses estive doente, bem doente. E pude ver como achamos sempre que somos fortes demais até que nos vemos dependentes. Mal pensamos na fragilidade da vida até que vemos que "não é bem assim". Ademais, <b style="background-color: #cccccc;">ESSES DIAS COMO "PACIENTE" ME ENSINARAM COISAS QUE NÃO TINHA LIDO NO ROBBINS, NO PORTO OU NO HANG&DALE</b>. Em nenhum deles me dizia que eu iria chorar por não poder mudar o rumo dos sintomas ou que eu não dormiria por noites seguidas. Mas um paciente me diria isso tranquilamente. Não, não estou desmerecendo as grande referências da Medicina, elas são ainda importantíssimas para nós, eternos acadêmicos. Entretanto, os nossos maiores aprendizados são com aqueles a quem devíamos sempre ouvir, calmamente perguntar o que eles tem a nos relatar...<br />
<br />
Aprendi ainda nesses dias de silêncio que tem pré-julgamentos que estão tão entranhados em nossas mentes que sempre precisamos nos policiar para não voltar ao velho julgo. Como naquele dia em que eu estava sentada no banco, duas e meia da madrugada, olhando uma paciente de quinze anos a gritar, e gritar, e gritar pedindo para tirar aquela dor dela, que resolvesse a gestação agora, "<i>Tira isso de mim</i>", ela dizia. O que você pensaria nessa hora? Quantas vezes não foram repetidas as frases "<i>Pra fazer foi bom</i>" naqueles corredores, quantos olhares de julgamento ela não recebeu ao entrar nos ambulatórios, ao pegar a fila preferencial, ao entrar pela frente no ônibus. <b style="background-color: #cccccc;">ELA CHAMOU SUA MÃE, PEGOU SUA MÃO E COLOCOU JUNTO AO SEU ROSTO</b>. "<i>Pede pra eles tirarem logo, mãe</i>". Aquela senhora olhava para mim, olhos marejados e eu, covarde, desviei o olhar para o display do cardiotocógrafo.<br />
<br />
Quando o exame terminou, depois de tentar explicar, em vão, para a paciente que tudo corria conforme o esperado, aquela mãe ainda me olhava em desespero. Chamei-a e expliquei ainda outra vez o que já havia dito - exames normais, tudo dentro do esperado. Mas aquelas não eram as palavras que ela queria ouvir, para ela só importava que sua filha não sentisse mais a dor.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIGK7j-Yk5wMcWQUSE0Q_eCLrKtMl-QgUx6Iwo2DVjiQSMS-da7Yl3ATtfCm1-imu2950LM7J6dKOiMyNInmhVhBdQV-wtswRhfIOstw4bQCupp-PKiZbr_XNVW76rK51x9MtdCUAkzjq8/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIGK7j-Yk5wMcWQUSE0Q_eCLrKtMl-QgUx6Iwo2DVjiQSMS-da7Yl3ATtfCm1-imu2950LM7J6dKOiMyNInmhVhBdQV-wtswRhfIOstw4bQCupp-PKiZbr_XNVW76rK51x9MtdCUAkzjq8/s1600/Assinatura.gif" height="55" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-84703057570432741742014-02-15T13:49:00.001-08:002014-02-15T13:49:49.920-08:00Sorrisos e momentos na tela<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhN2GO9mGsTD0HE_cdak2NwVBBD5w96W8qKW2EGwB_hBV-CXl3FjE52awzpjCkquTBMG6oN6drzP9LlDCRVVi1SaJt-ZxXed1woGNY1yyKarmg1pSNGvOPrApaEyyPov9dghh0-174MfJ4/s1600/sozinho-alone.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhN2GO9mGsTD0HE_cdak2NwVBBD5w96W8qKW2EGwB_hBV-CXl3FjE52awzpjCkquTBMG6oN6drzP9LlDCRVVi1SaJt-ZxXed1woGNY1yyKarmg1pSNGvOPrApaEyyPov9dghh0-174MfJ4/s1600/sozinho-alone.jpg" height="189" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de vampir.com.br</span></td></tr>
</tbody></table>
A sinfonia do violino atinge de cheio o silêncio que estava no meu quarto fazendo-me repetir, ainda que eu não quisesse, o refrão enjoativo do Roberto Carlos. "Como é grande o meu amor por você". Não bastasse a aversão que naturalmente essa música me causava, veio em mim a lembrança de uma manhã que eu gostaria de esquecer. E como são engraçadas as lembranças, são como crianças teimosas pedindo doce às mães - você não pode ignorá-las. Então essa criança começou a espernear dentro de mim, não me deixando esquecer a repulsa que o refrão me causava.<br />
Era dia de visita domiciliar, então havíamos saído bem cedo para ver os pacientes. Geralmente os pacientes do programa de visita são os mais complicados, alguns incapacitados de ir ao posto por diversas questões de saúde. Naquele dia, eu já estava sobrecarregada da visita anterior em que uma paciente com problemas mentais encontrava-se em uma situação precária. O sol e o calor nos castigava enquanto esperávamos que viessem abrir a porta. <b style="background-color: #cccccc;">UM HOMEM ABRIU-A E NOS OLHOU A TODOS COM UM OLHAR IMPACIENTE, QUANDO A MÉDICA ANUNCIOU A QUE VIEMOS</b>.<br />
- <b style="background-color: orange;">Viemos conversar com o senhor, Seu Fulano, podemos entrar?</b><br />
Ele esperou ainda alguns segundo, que me pareceram uma eternidade naquele sol fustigante. Afastou-se e permitiu que entrássemos. Perguntamos da sua saúde e as respostas vinham lentas, como se o tempo se houvesse dilatado e tudo passasse devagar. Não havia cadeira para todos e, a sala pequena, era preenchida na metade pela viva luz do sol que destoava da tristeza que o semblante do homem carregava. Ele nos disse, por fim, que nada estava bem. Havia perdido seu filho a poucos dias (três? cinco?) e nos mostrou a homenagem registrada em seu corpo que fizera para ele - apontando para o rosto bonito tatuado em seu corpo, dizia que ele não era ladrão, que era "moço bom", trabalhador. <b style="background-color: #cccccc;">DISSE QUE ESTAVA MEDICADO PORQUE NÃO ESTAVA SUPORTANDO A DOR DE TÊ-LO PERDIDO E DISSE QUE A SAUDADE ERA GRANDE</b>. De repente, como se lhe houvesse soprado no ouvido, levantou rapidamente e perguntou-nos se queríamos saber como ele passava aquelas horas em que ficava sozinho, relembrando o filho. Então colocou um vídeo para assistirmos. Desde o início, eu sentira que aquele vídeo não podia fazer-lhe bem, mas quando o violino harmonioso introduziu a música como que uma fina lança me percorreu a espinha. "Como é grande o meu amor por você" dizia o verso que fora repetido mais que vinte vezes, uma música que começava e terminava, começava e terminava, e as fotos que traziam sorrisos e momentos que não voltariam. Pus-me entre a porta e o televisor para não ver as imagens, mas a música ainda vibrava e vibrava dentro de mim, reavivando a dor de um pai que perdeu seu filho no auge da vida. <b style="background-color: #cccccc;">E OS MINUTOS INFINDOS DE SOL NAS COSTAS, PERNAS DOENDO, SEDE, CALOR SOB O JALECO SE SOMAVAM AOS ROMPANTES DO CHORO CONVULSIVO DAQUELE PAI</b>. Lágrimas estavam correndo tímidas pelos olhos dos muitos expectadores, enxugando-as rapidamente, secando-as na calça discretamente. E o pai que soluçava, soluçava como se ritmasse "Como é grande o meu amor por você"...<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIGK7j-Yk5wMcWQUSE0Q_eCLrKtMl-QgUx6Iwo2DVjiQSMS-da7Yl3ATtfCm1-imu2950LM7J6dKOiMyNInmhVhBdQV-wtswRhfIOstw4bQCupp-PKiZbr_XNVW76rK51x9MtdCUAkzjq8/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIGK7j-Yk5wMcWQUSE0Q_eCLrKtMl-QgUx6Iwo2DVjiQSMS-da7Yl3ATtfCm1-imu2950LM7J6dKOiMyNInmhVhBdQV-wtswRhfIOstw4bQCupp-PKiZbr_XNVW76rK51x9MtdCUAkzjq8/s1600/Assinatura.gif" height="55" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-77282227190023348832013-12-26T19:12:00.003-08:002013-12-26T19:12:35.140-08:00Os tão grandes olhos marejados<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGnj7UdUs74FPq2I1_hPpT2RsO5uBjqlYKvgY0H-flSu1TLynO-1UjWH9gM1EAvF6Pk9IdWQaLb3GqcRCPPYFpad8urCfnUnm_wR-AOwJ6Um4Ms6e7uW5nmGrWcclagTU9A9vWOzpWvk91/s1600/idosa+(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGnj7UdUs74FPq2I1_hPpT2RsO5uBjqlYKvgY0H-flSu1TLynO-1UjWH9gM1EAvF6Pk9IdWQaLb3GqcRCPPYFpad8urCfnUnm_wR-AOwJ6Um4Ms6e7uW5nmGrWcclagTU9A9vWOzpWvk91/s320/idosa+(1).jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de primeirahora.com.br</span></td></tr>
</tbody></table>
Já havíamos comentado o caso dela, discutido e rediscutido. Dez alunos e um professor, todos apertados nos jalecos brancos, os pés latejando pelas horas passadas em pé. Doze leitos com pacientes de diferentes idades, a grande maioria desacordada, e máquinas e mais máquinas apitando e piscando para nós. Olhei de lado pois um barulho me distraía. Toc toc toc tac tac, insistia o barulho. Quando virei em direção a ela o barulho aumentou de frequência e percebi que a senhora fazia um esforço grande para chamar a atenção de alguém. <b style="background-color: #cccccc;">LEMBREI DO DIA QUE O DOUTOR TINHA ME DITO QUE O PIOR DE SE ESTAR ENTUBADO E AMARRADO</b> (para não retirar o tubo de respiração da boca) <b style="background-color: #cccccc;">DEVERIA SER AQUELE MOMENTO EM QUE COMEÇA UMA COCEIRINHA TEIMOSA</b>. Coçando, coçando e você não pode coçar. Caminhei rapidamente até a senhora pensando que, se fosse a tal coceirinha teimosa, eu teria que pedir autorização ao médico para tirar as amarras que a impediam de retirar o tubo orotraqueal.<br />
Quando a senhora percebeu que me aproximava dela, abriu para mim uns tão grandes olhos marejados que eles por si só pareciam pedir desesperadamente ajuda.<br />
- <span style="background-color: orange;">Dona Fulana, o que aconteceu? Está precisando de alguma coisa?</span><br />
Os olhos cada vez mais abertos e ela tentou balbuciar algumas palavras. Não, o tubo não deixaria ela me dizer o que queria e eu fiquei preocupada em ela achar que tinha perdido a voz.<br />
- <span style="background-color: orange;">Dona Fulana, a senhora está com um tubo na boca, está percebendo?</span> - ela fez que sim com a cabeça, ainda me olhando aflita - <span style="background-color: orange;">Ele está ajudando a senhora respirar. Ele também dificulta a senhora a falar, mas quando a senhora ficar melhor e conseguir respirar sem o tubo, voltará a falar, não se preocupe. Agora tente falar devagar o que a senhora quer.</span><br />
- <span style="background-color: lime;">Á-gua Á-gua Á-gua...</span> - ficou repetindo para mim.<br />
Quando voltei com a água e expliquei que ela não conseguiria tomar, mas que eu molharia uma gaze e colocaria na boca dela, ela fez um sinal afirmativo com a cabeça. Um gole de água na gaze, outro gole de água na gaze. Assim, gole após gole, os seus olhinhos iam mostrando uma expressão mais calma. Disse que tinha que me ausentar por causa da aula, mas que ficaria ali o dia todo, caso precisasse.<br />
Então, ouvindo o caso do outro paciente, sentia ainda pesar em mim os tão grandes olhos daquela idosa, olhos que carregavam uma história e que talvez nem estivesse entendendo ao certo o que eram todas aquelas máquinas piscando e todos aqueles indivíduos de branco, olhos que me seguiram durante toda a explicação do médico...<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIGK7j-Yk5wMcWQUSE0Q_eCLrKtMl-QgUx6Iwo2DVjiQSMS-da7Yl3ATtfCm1-imu2950LM7J6dKOiMyNInmhVhBdQV-wtswRhfIOstw4bQCupp-PKiZbr_XNVW76rK51x9MtdCUAkzjq8/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIGK7j-Yk5wMcWQUSE0Q_eCLrKtMl-QgUx6Iwo2DVjiQSMS-da7Yl3ATtfCm1-imu2950LM7J6dKOiMyNInmhVhBdQV-wtswRhfIOstw4bQCupp-PKiZbr_XNVW76rK51x9MtdCUAkzjq8/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-28884376356353284852013-08-15T18:53:00.000-07:002013-08-15T18:53:29.540-07:00Com dor, Sem pai<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoXREG6j-g0_-9NLjoxdDnsEWvz0nmd8jQdL55D3iNbQB5vecRM2a1Fi4ycr7YlQadEP0byCPrQL2gSWNpWbr4kvly61lF5Vj7SOuPo2vfq6tcE_hygfoRH4-UQqYMPR1NiwsUZJNbma90/s1600/maos+idosos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="201" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoXREG6j-g0_-9NLjoxdDnsEWvz0nmd8jQdL55D3iNbQB5vecRM2a1Fi4ycr7YlQadEP0byCPrQL2gSWNpWbr4kvly61lF5Vj7SOuPo2vfq6tcE_hygfoRH4-UQqYMPR1NiwsUZJNbma90/s320/maos+idosos.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de leianoticias.com.br</span></td></tr>
</tbody></table>
Seria a quarta vez na semana que eu repetiria as mesmas palavras aos visitantes daquele senhor: "Ele permanece estável, mas se tem que considerar a irreversibilidade do seu quadro clínico", etc, etc. Foi requerida a minha presença para as mesmas explicações, mas eu ainda não havia visto aquela que o visitava. Era uma senhora de quase cinquenta anos e que olhava atentamente o monitor marcando a pressão e a frequência cardíaca do paciente. Seu pai. Ele, com um tubo entrando pela boca e tantos outros dispositivos sobre o seu leito, permanecia assim, impassível, desacordado, como esteve desde o começo da semana.<br />
A senhora me olhou com aquele olhar que eu já me acostumei, o olhar de quem questiona se deve mesmo conversar com "essa criança" sobre coisas tão sérias, afinal era sobre um ente querido que ela queria conversar. E eu, a "criança", sigo sempre o mesmo ritual de preparação: dou um claro e sonoro cumprimento, peço licença para pegar o prontuário e começo a falar com toda a segurança que consigo empregar nas palavras. Meras palavras. Não eram estas que ela queria escutar! Não queria saber realmente se ele usava essa ou aquela medicação, não importava se essa ou aquela medida foram tomadas. A ela só importavam duas coisa...<br />
Primeiro, em cuidados paliativos (<b style="background-color: #cccccc;">QUANDO A IRREVERSIBILIDADE DA DOENÇA DESAFIA OS MÉDICOS A ENFRENTAR SEU MEDO DE NÃO PODER CURAR</b>), nós devemos deixar claro que não estamos desistindo do paciente. Assim, disse a ela que tudo o que estava ao nosso alcance em paliação seria feito, que estávamos oferecendo o máximo de conforto possível ao paciente. E sim, essa era uma das suas preocupações.<br />
A segunda preocupação daquela mulher me tomou de cheio, como uma lufada forte de vento quente que vinha não sei de onde, que me fazia corar (eu tenho certeza) e que me devolvia um pouco de vida naquele ambiente em que os paciente não falavam conosco - impedidos pelos tubos que lhes cruzavam a garganta. A senhora de quase cinquenta anos esperou um pouco, observou mais uma vez o monitor, olhou mais uma vez para mim. Seus olhos não mais questionavam se ela teria de conversar com "essa criança", seus olhos seguravam lágrimas presas que queriam muito escorrer e se misturar ao sal da pele. E então, o vento que veio, como num repente, entrou pelo meu ouvido dizendo:<br />
- <b style="background-color: orange;">Nesse domingo é o dia dos pais, não é?</b> - e olhou seu pai mais uma vez, e fungou, e enxugou a primeira lágrima - <b style="background-color: orange;">Será que eu posso trazer um presente para ele?</b><br />
<br />
<div style="text-align: center;">
...</div>
<br />
E na segunda-feira, quando eu voltei para dar início aos meus trabalhos, o estetoscópio ficou ainda um tempo no ar esperando para auscultar os batimentos daquele pai, meus olhos fixos nas mensagens de amor que os familiares trouxeram para ele, mensagens grudadas no mesmo monitor que mostrava a pressão e a frequência cardíaca.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-61396171617814062002013-07-21T08:48:00.001-07:002013-07-21T08:48:26.515-07:00O medo do "não me importar"<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWm9esFmxDJ3EWZKP_A320P46QcdjnUBB13haRb4A79Z9YNI8D-QgTnfnL-MDa5N2oJNHJtLWIJo54N2Sikqd2gZmnqY54ebV-Kjq8779BejADU0xFVN2AIMBkRfQjCwk4CAng4anP7TyE/s1600/insens3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWm9esFmxDJ3EWZKP_A320P46QcdjnUBB13haRb4A79Z9YNI8D-QgTnfnL-MDa5N2oJNHJtLWIJo54N2Sikqd2gZmnqY54ebV-Kjq8779BejADU0xFVN2AIMBkRfQjCwk4CAng4anP7TyE/s320/insens3.jpg" width="228" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de asasdamemoria.blogspot.com</span></td></tr>
</tbody></table>
Era uma tarde qualquer da semana, em um ambulatório qualquer da emergência, em uma hora qualquer do dia. Havíamos atendido poucas pessoas, parecia que ninguém estava tão necessitado de atenção naquele dia. Atenção. As médicas conversavam amenidades, eu lia um romance e minha colega estudava. Entrou a ajudante para dizer que entraria a próxima paciente, seu raio-X mostrava uma "caverna" tão grande que seria muito improvável não ser tuberculose. Colocamos as máscaras e iniciamos o atendimento.<br />
E a cada palavra a paciente dizia, nos jogava na cara sua dura realidade de más-condições de saúde, de drogas, de fome. E em mim surgiu um medo que me engolia com aquelas palavras: o medo de me tornar indiferente. Medo de ver tantas misérias e não "vê-las". Lembrei então de tantas outras atrocidades que vi ao longo desses quinze dias em um novo serviço, da população necessitada, das mãos emagrecidas segurando o copinho com sopa servido no hospital durante o atendimento, da minha preocupação pelo paciente que precisava de uma medicação que o Estado não fornecia (como ele faria?) - e eu vi o que temia.: <b style="background-color: #cccccc;">AS VÁRIAS HISTÓRIAS QUE AINDA ESTAVAM NA MINHA CABEÇA AOS POUCOS SE IAM APAGANDO, SE ESVAINDO EM MEIO A TANTAS DOSES DE REMÉDIOS PARA DECORAR, DAS SOROLOGIAS DE HEPATITE B PARA APRENDER, DOS PROTOCOLOS QUE DEVERIAM ESTAR NA PONTA DA LÍNGUA.</b> E ser médico não nos permite sentir?<br />
Vieram em minha mente as dezenas de exemplos de bons profissionais, daqueles que têm décadas de experiência em atendimento e ainda se doem com o sofrimento dos seus pacientes. Então eu percebi que ser "médico" (no sentido mais profundo da palavra) me deixaria saber e sentir ainda. Saber protocolos, medicações e diagnósticos. Sentir tristeza, amor e dor. Ser "médico" me permitiria ser humana, e não um ser inatingível. E tudo dependeria de mim, daquele caminho que eu escolhesse. Assim é com todos, todas as profissões, todas as pessoas - o medo do "não me importar" poderia me manter sempre me importando. E essa é ainda a minha escolha: sentir!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-83071183654034646052013-06-09T15:01:00.000-07:002013-06-09T15:01:19.927-07:00Quando os bons se vão<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYQNd5DscABiGR_Gg4062AbpccAp5dP8zGFU_xUKPAyaJbrxTKY6fUkwemMICTS5wlY3ACEyoClTdEZQbp-8IOyrWAQd95wpLoNg3S_5yP2DAkD3OmwH0sFGs3kiDoRpVIy5XRChSHe-25/s1600/velhinho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYQNd5DscABiGR_Gg4062AbpccAp5dP8zGFU_xUKPAyaJbrxTKY6fUkwemMICTS5wlY3ACEyoClTdEZQbp-8IOyrWAQd95wpLoNg3S_5yP2DAkD3OmwH0sFGs3kiDoRpVIy5XRChSHe-25/s320/velhinho.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de http://www.paroquiasantana-ata.org.br/noticia.php?id=373</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
Sim, ele havia falecido aquela manhã. Os médicos e residentes tinham-me contado muito por cima o que acontecera. Mas na minha cabeça só passava e repassava as inúmeras vezes que me perguntaram como ele estava, se havia se recuperado, se estava conversando...<br />
<br />
Ele era um senhorzinho, muitos anos de vida corridos e aparentemente bem vividos. Era daqueles que, em seus mais de 80 anos, ainda era apaixonado pela mulher, ainda conversava horrores com os amigos e sempre arrancava um sorriso dos nossos lábios com seus comentários espirituosos. Não, minha intenção não é parafrasear a música "os bons morrem jovens". Ainda que ele fosse jovem de alma. Nem quero fazer um réquiem a esta doce pessoa que se foi. Quero apenas dizer que conhecemos pessoas fabulosas em nossos atendimentos. Homens, mulheres, idosos, crianças, todos trazendo suas histórias de vidas que se unem às nossas e nos faz entender o porquê de termos escolhido cuidar de vidas. São indivíduos com suas próprias características, suas próprias angústias e que nos engrandece como profissionais. São lindas pessoas que chegam e que partem, sejam para retornar meses depois para um outro atendimento, seja para mudar de médico e não o vermos jamais, seja partir para não mais voltar...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-87135014243569732013-05-01T14:02:00.000-07:002013-05-03T17:37:29.512-07:00Série Outras Impressões - E hoje eu sou médica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0C6iBCGJX0846J2LaPYMZE6irjiH90UuDyV05HP0ALSwRTRS-V0lfDvhmamPHOecTRlFPHrDd18x0AvcGJ_SogufLbgp78WlbC42BY7jNcKKzbcvxUPdgcYd6J1tF4S63Ai9nYRL7hd09/s1600/bastao-de-esculapio.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0C6iBCGJX0846J2LaPYMZE6irjiH90UuDyV05HP0ALSwRTRS-V0lfDvhmamPHOecTRlFPHrDd18x0AvcGJ_SogufLbgp78WlbC42BY7jNcKKzbcvxUPdgcYd6J1tF4S63Ai9nYRL7hd09/s1600/bastao-de-esculapio.gif" /></a></div>
<br />
Chegamos à nona edição da Série "Outras Impressões" com o relato da médica recém-formada Natália Suellen sobre um dos nossos grandes temores ao enfrentar o dia-a-dia da Medicina: como mostrar que podemos ser bons profissionais, principalmente ao depararmos àqueles que outrora nos ensinaram? Medicina é uma área de constante aprendizado, aprende-se com os livros, com os pacientes, com os outros médicos e profissionais da saúde... Assim, este breve relato nos traz a reflexão sobre esses conflitos que se formam na cabeça daqueles que a pouco saíram da faculdade e que agora enfrentam a vastidão da profissão médica.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtFpe2wER0MefafRk8mEN5m25iF5Ghmg8Ai2B3Lge7Z2nVH-wctEaC8TT7zJjznhwg9lrU4vaM3JqLbGrqhtJEo_XrNrEPOuzZWAe3e0vGQZVcu1AO2_Rfh3eCa0p1abEao5xZLi3CAc8c/s1600/418568_333740033343331_1381902285_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtFpe2wER0MefafRk8mEN5m25iF5Ghmg8Ai2B3Lge7Z2nVH-wctEaC8TT7zJjznhwg9lrU4vaM3JqLbGrqhtJEo_XrNrEPOuzZWAe3e0vGQZVcu1AO2_Rfh3eCa0p1abEao5xZLi3CAc8c/s320/418568_333740033343331_1381902285_n.jpg" width="206" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Natália Suellen Braga - médica</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
"...atendi uma senhora cuja profissão (peculiar por lá) era 'médica'. Ela tinha já certa idade e, quando eu li a profissão dela, me deu um certo arrepio. Principalmente por cuidar de quem já cuidou de tanta gente.<br />
Demonstrei surpresa ao atender uma colega de profissão e me fiz o mais séria quanto possível (é assim que compenso minha pouca idade). Ouvi as queixas dela, perguntei mais sobre as que julguei mais importantes e demonstrei bastante segurança em analisar o ECG dela. Procedi a toda a consulta da mesma forma como sempre costumo fazer, mas com um certo receio de estar sendo avaliada. Informei que a solicitação de exames para a dor torácica atípica dela se devia aos fatos de ela ser mulher e estar na faixa etária acima de 60 anos. Ela entendeu e aceitou esperar o tempo necessário ao resultado das enzimas rápidas (para afastar infarto).<br />
Quando ela me mostrou os exames, expliquei que aqueles valores estavam dentro da normalidade, ou seja, que infarto estava afastado como possibilidade diagnóstica. A radiografia de tórax dela apontava para uma provável doença do refluxo gastroesofágico. Ao final do atendimento, tranquilizada, ela agradeceu a atenção.<br />
Ao final do meu atendimento eu agradeci a confiança. Agradeci a confiança em alguém engatinhando pelo ramo da medicina."Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-71636018682382779642013-04-26T19:02:00.001-07:002013-04-26T19:02:08.141-07:00Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas em Redes Sociais da Saúde<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC_DOv6PWSCSferDEo7YX536qOuQLriwgPaXAgzA5MFIXJhPaqQFSQtqbOODgwefiVC0tOyLGjS8anI9IjucUwHlCceO_RsXiMoGbDtRYEyUHGt6UWk0hxh3qpItUZGQNBbhUuoa9JQC1K/s1600/BannerBlogueiros.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="172" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC_DOv6PWSCSferDEo7YX536qOuQLriwgPaXAgzA5MFIXJhPaqQFSQtqbOODgwefiVC0tOyLGjS8anI9IjucUwHlCceO_RsXiMoGbDtRYEyUHGt6UWk0hxh3qpItUZGQNBbhUuoa9JQC1K/s400/BannerBlogueiros.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">CONVITE</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">O Blog <a href="http://www.artritereumatoide.blog.br/" target="_blank">ArtriteReumatoide</a> e o <a href="https://www.facebook.com/groups/encontrar/" target="_blank">Grupo EncontrAR</a> idealizaram este encontro nacional que é direcionado aos blogueiros e ativistas em redes sociais, que falam de saúde ou da convivência com a doença.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">O principal objetivo do encontro é promover a união e fortalecimento dos blogueiros e ativistas em redes sociais que abordam o tema “saúde”, incentivando a democratização da informação, evidenciando a importância desses formadores de opinião como agentes de transformação social.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Marque presença!</span>Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-89703733598384606362013-03-28T11:45:00.000-07:002013-03-28T11:45:34.850-07:00Série Outras Impressões - Agradecimento aos Pacientes<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0C6iBCGJX0846J2LaPYMZE6irjiH90UuDyV05HP0ALSwRTRS-V0lfDvhmamPHOecTRlFPHrDd18x0AvcGJ_SogufLbgp78WlbC42BY7jNcKKzbcvxUPdgcYd6J1tF4S63Ai9nYRL7hd09/s1600/bastao-de-esculapio.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0C6iBCGJX0846J2LaPYMZE6irjiH90UuDyV05HP0ALSwRTRS-V0lfDvhmamPHOecTRlFPHrDd18x0AvcGJ_SogufLbgp78WlbC42BY7jNcKKzbcvxUPdgcYd6J1tF4S63Ai9nYRL7hd09/s1600/bastao-de-esculapio.gif" /></a></div>
<br />
A oitava edição da série "Outras Impressões" do blog Pacientes Ensinam traz, em suas linhas, o texto que é um agradecimento àqueles que mais nos ensinam sem, muitas vezes, percebê-lo. Sob o ponto de vista do acadêmico de medicina Rafael Cunha, que em breve se formará profissional médico, os dizeres trazem em cada palavra um sentimento de amor e ternura aos pacientes, nossos eternos professores.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3MtRVoKMxtmFK_EwjGAw7qtBveHg3PKZx4ANSPSLOPIyom3MHROtpJy6OxLGneDso1Kfi7ci7X_GWcfVXIh1gi5DKoLNTrwcs4vuJLmbJpAbBRm0Mj7613mUp71YaiqVOcYS7vNlEDXFB/s1600/315594_4823624832377_2009652171_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3MtRVoKMxtmFK_EwjGAw7qtBveHg3PKZx4ANSPSLOPIyom3MHROtpJy6OxLGneDso1Kfi7ci7X_GWcfVXIh1gi5DKoLNTrwcs4vuJLmbJpAbBRm0Mj7613mUp71YaiqVOcYS7vNlEDXFB/s320/315594_4823624832377_2009652171_n.jpg" width="214" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Rafael Cunha - Acadêmico de Medicina</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
"São necessários muito mais que bons livros para formarmos um verdadeiro médico. É lidando no dia-a-dia com as pessoas que talvez tenhamos nosso maior aprendizado, pois sabemos que leitura e técnica são fundamentais, mas que os pacientes também nos ensinam.<br />
<br />
Quase que num pacto pela cura, entramos na vida das pessoas. Não no sentido de invasão, mas de compartilhamento. Os pacientes expõem suas angústias em busca de um consolo, muitas das vezes querendo apenas serem ouvidos. E nessa oportunidade de engrandecimento, nos tornamos mais maduros, aprendendo a escutar melhor o outro e a saber se colocar no seu lugar em momentos de adversidades.<br />
<br />
Se um dia mãos trêmulas de inexperiência iniciavam um exame físico, hoje o fazemos com segurança graças àqueles que outrora gentilmente nos permitiram tocar seus corpos em busca de aprendizado. <b style="background-color: #cccccc;">TALVEZ NEM TENHAM NOÇÃO DAS AULAS QUE NOS DERAM SEM QUE PRECISASSEM DIZER UMA SÓ PALAVRA</b>.<br />
<br />
Algumas vezes choramos juntos, mas felizmente na maioria delas nós sorrimos. Houve dias difíceis em que alguns ficaram para trás, mesmo que tivéssemos acreditado silentes que tudo daria certo. Outras vezes deram certo, e nossa pequena compreensão sobre as coisas além da Terra não nos permitiu julgar assim. Mas lembremos dos dias de vitória, que foram a maior parte, dos bravos pacientes que reconquistaram sua saúde numa luta incansável pela vida, com quem aprendemos a valorizar como grande triunfo cada pequena conquista.<br />
<br />
Por isso, agradecemos aos nossos pacientes por terem nos ajudado a nos tornarmos pessoas melhores, verdadeiramente humanas. Levaremos conosco o ensinamento que nos foi oferecido e poderemos trazer saúde aos que nos procurarem ao longo da vida. Reconhecemos humildemente que nem sempre alcançaremos a cura, mas nossos braços estarão sempre estendidos em sinal da nossa gratidão."Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-56424273716357754752013-03-19T14:59:00.000-07:002013-03-19T14:59:24.718-07:00Quanto tempo para esperar<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUAZwucKxX-UDj_nVhynFUxRExKSgxWv6aG47TelBhy_p3zSGmJVXtQ66mO2yANBUfpjxYXOrrPJAzy5qnxnV1K6K1fV-C9uOPq29GX2bZk75TlwdusG_v_mBq5vfG1BQigdQzbB5er2Uq/s1600/veu_point_d_esprit_renda_flor_noiva_wanda_borges.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUAZwucKxX-UDj_nVhynFUxRExKSgxWv6aG47TelBhy_p3zSGmJVXtQ66mO2yANBUfpjxYXOrrPJAzy5qnxnV1K6K1fV-C9uOPq29GX2bZk75TlwdusG_v_mBq5vfG1BQigdQzbB5er2Uq/s320/veu_point_d_esprit_renda_flor_noiva_wanda_borges.JPG" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de adrianedto.blogspot.com.br</span></td></tr>
</tbody></table>
Passei alguns dias acompanhando a paciente. Exame físico matinal, questionamento sobre a qualidade do sono e se estava comendo o que lhe era oferecido. Todos os dias, um após o outro. Naquele dia, além da rotina, fui acompanhá-la em um exame. Após algum tempo de conversa sobre outras coisas da vida, ela falou que iria se casar antes da sua internação. Imediatamente olhei para a sua mão direita e vi como eu havia sido relapsa: não havia associado a aliança ao fato. Nossa, como era possível?<br />
Começamos então a falar disso e seus planos eram derramados ali naquela sala de espera como um grande rio colorido. Era uma vida a dois que se iniciaria, ora, uma nova - e importante - fase da sua vida interrompida por exames de sangue, exames de imagem, exames médicos, exames...<br />
Ela disse que tudo já estava planejado, data, vestido, local. Pensava em como ficaria vestida de noiva com cara de doente. Teria que adiar seus planos.<br />
Então mais uma vez uma verdade se estampou nos meus olhos. Dia após dia examinamos os pacientes e mal nos tocamos que eles são muito mais que sinais e sintomas. Sim, geralmente não perguntamos sobre suas famílias quando estamos atendendo nas enfermarias, ou se não conseguiram dormir por causa de problemas pessoais, ou se ele está com saudades do seu lençol-de-estimação. Vai saber!!!<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
***</div>
<br />
Certa vez, um outro paciente, quando eu perguntei se estava dormindo bem, disse "Tô não, doutora, aqui é muito quente". E eu, com o suor escorrendo no rosto, ri de mim mesma pela pergunta que depois me pareceu infame. "E quem dormiria bem com um calor daquele?"<br />
Precisamos, então, ver ainda mais o paciente como pessoas além daquela enfermidade, que se casam, sofrem de calor, têm "entojo" com a comida que é servida. Afinal, somos todos humanos cheios de vontades e questionamentos, somos singulares na nossa forma de ser.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-9741517921663289142013-01-20T18:47:00.001-08:002013-01-20T18:47:40.444-08:00Traçando o caminho<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuL3RBxZefpTuDBXCSV0WEhM5xA7QLxk-5T4ckJA_Fkz1PDfJ7mIpxfgsAaPc0iPlmSp_-DjRCS3xSgJVvYoO8er8Miiqo9oBuDrMUmxdPhSlYRtfaFqR6t_-0LKFCzmaEV1GWdiFwyXaB/s1600/caminho-de-pincel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuL3RBxZefpTuDBXCSV0WEhM5xA7QLxk-5T4ckJA_Fkz1PDfJ7mIpxfgsAaPc0iPlmSp_-DjRCS3xSgJVvYoO8er8Miiqo9oBuDrMUmxdPhSlYRtfaFqR6t_-0LKFCzmaEV1GWdiFwyXaB/s320/caminho-de-pincel.jpg" width="248" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de ecofuturo.org.br</span></td></tr>
</tbody></table>
Havia chegado o dia de conversar com a família sobre a situação em questão: a matriarca da família encontrava-se prostrada no leito e com o recente diagnóstico (desconhecido por ela) de um câncer metastático. Todos nos dirigimos a um ambiente a parte, em que pudéssemos conversar sem que a paciente ouvisse. Seria uma decisão difícil para a família, e era a primeira vez que eu lidava com uma situação daquelas.<br />
O preceptor começou explicando o caso. Disse que se tratava de um provável diagnóstico de câncer e partilhava daquilo com os familiares para que decisões fossem tomadas: investiriam em diagnóstico que poderiam ser fisicamente dolorosos para a paciente? submeteríamos a paciente a tratamentos que poderiam ser eficazes ou não? Essas e outras perguntas permearam a longa conversa que tivemos. Nós, alunos, olhávamos aqueles rostos como se quiséssemos decifrar os sentimentos ali escondidos. Um filho chorava, uma filha cruzava os braços, um marido olhava em algum ponto perdido ali no chão. O que pensavam?<br />
<b style="background-color: #cccccc;">O MAIS COMPLEXO EM SE CONVERSAR COM OS FAMILIARES E EXPOR AS DECISÕES QUE GERALMENTE SÃO TOMADAS PELOS MÉDICOS É SABER QUANDO ESTAMOS NOS FAZENDO COMPREENDER</b>. Ou ainda: qual será o pensamento deles quando o que temos a ofertar são apenas cuidados paliativos?<br />
Em outro momento, conversando apenas com os internos, o médico disse que infelizmente nem sempre ganhávamos a luta travada. Porém, ele completou, no momento em que entendêssemos que nem sempre seria possível ganhar, ai sim, seríamos verdadeiramente médicos.<br />
Não, não é fácil admitir assim que "perdemos". Mas a cada dia podemos continuar lutando para fazer o melhor pelos pacientes, tendo ou não previsão de cura.<br />
A filha, por fim, disse que tinha uma dúvida:<br />
- <b style="background-color: orange;">Olha, tô sendo sincera, meu medo é que não sejam tomadas as mesmas medidas com a minha mãe que seriam tomadas para uma paciente que tenha chances de cura.</b><br />
Fiquei surpreendida pois, no dia anterior, o médico tinha comentado justamente isso conosco, que provavelmente esse seria o maior receio da filha que acompanhou a mãe em toda essa Via Crucis. E sua resposta foi seguramente a mesma nos dada no dia anterior:<br />
- <b style="background-color: lime;">Não se preocupe. Em casos como esses, costumamos cuidar ainda "melhor" da paciente. Como não lhe podemos oferecer a cura, faremos o máximo para que sua estadia aqui seja a melhor possível, para que ela se encontre confortável e sem dor.</b><br />
Ao final da conversa, braços descruzados, a filha agradecia pela atenção. Agora eram eles que iriam conversar entre si e definir os próximos passos da equipe.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-27983716321565112392013-01-08T17:31:00.000-08:002013-01-08T17:31:21.245-08:00O grande egoísmo<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX5tjCiGhBtcaU2HVcSNPJth_JVC5S90j17SWrlqh8VR3pC6rE0El5Ntt0FOMCy4YlSWmZdogQ1gFbXqpf6uOFnGbKsYv570U3kTXgT3mXm6z1Lhuu69yIhi3yMx1BGe16cP4r9zqNf5Dz/s1600/151_2335-chinelo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX5tjCiGhBtcaU2HVcSNPJth_JVC5S90j17SWrlqh8VR3pC6rE0El5Ntt0FOMCy4YlSWmZdogQ1gFbXqpf6uOFnGbKsYv570U3kTXgT3mXm6z1Lhuu69yIhi3yMx1BGe16cP4r9zqNf5Dz/s1600/151_2335-chinelo.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de ela-aquariana.blogspot.com.br/</span></td></tr>
</tbody></table>
A paciente não havia gostado de mim. Todos falaram que ela era simpática, "um amor de pessoa", disseram uns, "a alegria da enfermaria"... Por que então quando eu fui examiná-la ela estava fria, não me respondia direito às perguntas, falava baixo e não aceitou bem os gracejos que eu havia feito? Pois bem, atendi-a formalmente, então. Estendi a mão e disse que a partir daquele momento eu e uma equipe iriamos acompanhá-la nos atendimentos. Fui embora com uma sensação de que eu não estava fazendo algo certo, como podia não cativá-la?<br />
Sim, se eu a cativasse, sua vida seria como cheia de Sol... foi o que o Pequeno Príncipe ouviu e o que foi repassado a centenas de gerações. E eu não a cativara! Não fiz meu trabalho corretamente.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
...</div>
<br />
Na manhã seguinte, bem cedo, entrei no quarto em que ela estava e iniciei o questionamento usual: dormiu bem, está tossindo, a urina mudou de cor... em cinco minutinhos de conversa, iniciei o exame físico. Puxando abaixo dos olhos para ver que ela não estava corada. Avaliando alterações na pele em busca de focos infecciosos. Colocação das mãos em suspensão para ver que ela estava tremendo... Ela estava tremendo?<br />
-<span style="background-color: orange;"><b> Dona Fulana, quando foi que a senhora começou com esse tremor na sua mão?</b></span><br />
-<span style="background-color: lime;"><b> Quando eu comecei a tomar minhas medicações... mas eles ficaram piores porque eu tô nervosa. Queria sair desse hospital</b></span> - sua voz estava embargada e em seus olhos o conhecido brilho de lágrimas que teimam em cair estava despontando.<br />
Então tudo passou a fazer sentido. Por que eu não percebi antes? Ela estava há mais de uma semana no hospital e eu achando que poderia se comigo o problema. Puro egoismo. <b style="background-color: #cccccc;">CLARO QUE DEIXEI PASSAR UMA COISA ESSENCIAL NO EXAME CLÍNICO: O SENTIMENTO</b>. Aprendemos que o paciente nunca vem só com a doença, ele tem uma história, problemas com marido, casa para cuidar e a vizinha fofoqueira que fica comentando que "a Dona Fulana vive hospitalizada, o que será que ela tem?". Pacientes têm dias bons e dias ruins. E tem também médicos/estudantes que eles gostam e que eles não gostam, por que não? Mas esta paciente me ensinou que, algumas vezes, o nosso egoísmo é tão grande que não conseguimos enxergar o que nos salta aos olhos!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-79839742438161937872012-12-04T09:22:00.000-08:002013-01-08T17:31:58.020-08:00Desliguem os aparelhos<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuj_6cvzl66pJxPJXoe-1-rM38rd7gJhBLkOj7GQpEymEVd6wZAeJSCYy4BzKhc33Bc0q51k5dbIFmpXddqVzTHX6PKiZXNRt88F9J-kj0rTjMPYjr2qgD6zNlTaDbgKcJk1rNoEne5T-o/s1600/lagrima.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuj_6cvzl66pJxPJXoe-1-rM38rd7gJhBLkOj7GQpEymEVd6wZAeJSCYy4BzKhc33Bc0q51k5dbIFmpXddqVzTHX6PKiZXNRt88F9J-kj0rTjMPYjr2qgD6zNlTaDbgKcJk1rNoEne5T-o/s320/lagrima.jpg" width="290" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada do blog sou-o-que-digo-e-penso.blogspot.com</span></td></tr>
</tbody></table>
Dava uma olhada na movimentação: horário de visita. Sempre me interesso em olhar essa relação de visitante-paciente. Lógico, não quero ouvir suas conversas, mas acho bonito o fato de o visitante manter o contato do paciente com o mundo externo, para além das paredes verdes daquele hospital.<br />
<div>
De repente fora retirada do meu "transe" por uma senhora que me chamou ao leito da sua mãe. As lágrimas já haviam secado no seu rosto e faziam dois caminhos que cortavam seu rosto em pontos simétricos. Ela estava maquiada, porém seu semblante estava cansado, como o de alguém passou dias entre vindas ao hospital e idas para seu lar/trabalho. Seu tom de voz, um pouco elevado, me perguntava quem estava acompanhando o caso da mãe dela.</div>
<div>
<br />
<div>
<span style="background-color: orange;"><b>- Senhora, vou pegar o prontuário para identificar quem é o médico responsável por ela</b></span> - eu disse.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Ela então disparou uma série de queixas que, certamente, estavam entaladas em sua garganta. Talvez ela tenha pensado em dizer isso há bastante tempo, mas lhe faltava coragem e, em meio ao desespero de ver sua mãe por tantos dias ali, em um leito hospitalar e respirando com o auxílio de aparelhos (e apenas pelo seu auxílio), ela decidiu dizer:</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<b style="background-color: lime;">- Pelo amor de Deus, porque vocês não desligam logo esses aparelhos?</b></div>
<div>
<br /></div>
<div>
Lógico, ela não queria sua mãe morta: ela queria ela sem sofrimento. <b style="background-color: #cccccc;">NÓS GERALMENTE NÃO PENSAMOS EM MORTE ATÉ DEPARARMOS ELA, MAS É IMPORTANTE QUE NOS QUESTIONEMOS QUAL SERIA O MAIS VIÁVEL, OU MENOS DOLOROSO, OU AINDA, QUAL SERIA O DESEJO DO PACIENTE SE ESTE ESTIVESSE EM CONDIÇÕES DE SE EXPRESSAR!</b></div>
<div>
Depois que ela saiu, voltei ao leito e olhei a senhora já de idade bastante avançada. O que ela diria a sua filha? Talvez agradecesse pela coragem de se expressar, refletindo o que ela própria falaria. Talvez ela ficasse zangada pela mal-criação da sua "menina". O fato é que, ainda naquela tarde, depois de eu ter remoído diversas vezes as palavras que a filha havia me dito, a senhora veio a falecer, dando tempo de uma última visita da filha que sofria e dos outros familiares que sentirão falta daqueles cabelos branquinhos-branquinhos que por longos dias repousaram no lençol do hospital.</div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<div>
<br /></div>
Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-8028268102195456742012-09-28T17:33:00.001-07:002012-09-28T17:33:56.681-07:00Série Outras Impressões - Uma Menina Talentosa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0C6iBCGJX0846J2LaPYMZE6irjiH90UuDyV05HP0ALSwRTRS-V0lfDvhmamPHOecTRlFPHrDd18x0AvcGJ_SogufLbgp78WlbC42BY7jNcKKzbcvxUPdgcYd6J1tF4S63Ai9nYRL7hd09/s1600/bastao-de-esculapio.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0C6iBCGJX0846J2LaPYMZE6irjiH90UuDyV05HP0ALSwRTRS-V0lfDvhmamPHOecTRlFPHrDd18x0AvcGJ_SogufLbgp78WlbC42BY7jNcKKzbcvxUPdgcYd6J1tF4S63Ai9nYRL7hd09/s1600/bastao-de-esculapio.gif" /></a></div>
A série "Outras Impressões" traz, em sua sétima edição, o relato do médico recém-formado Levi Machado que nos impressiona pela leveza do falar e pelos dizeres cheios de uma amor que nossa profissão (ou futura profissão) nos dá: ai está a Medicina nos gritando o porquê de a termos escolhido!<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwhyphenhyphen7r-hLYvW7sLztsKfeYAzkVxJrCxMUyAq8YbFfMO76UHy0d3KJehCxSInzY2Gqvx934cxMIVTMOElHDAqZ_B0j5cGsvSimJDqIkfH1beH_LX26sB1Sb4TpofjQpQuKzINzPmp0uQ6An/s1600/574941_10150910732862322_33199059_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwhyphenhyphen7r-hLYvW7sLztsKfeYAzkVxJrCxMUyAq8YbFfMO76UHy0d3KJehCxSInzY2Gqvx934cxMIVTMOElHDAqZ_B0j5cGsvSimJDqIkfH1beH_LX26sB1Sb4TpofjQpQuKzINzPmp0uQ6An/s320/574941_10150910732862322_33199059_n.jpg" width="196" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Levi C. Machado - Médico</span></td></tr>
</tbody></table>
"Lembrou-me a minha época de interno – falo como se fizesse bastante tempo, mas foi quase um dia desses – ter o meu celular roubado em uma manhā qualquer do mês de Agosto.<br />
<br />
Por que lembrou-me esse tempo tāo difícil o ter tido o telefone furtado? Será o meu segredo por enquanto, mas a lembrança fora justamente do último serviço que rodei aqui no Brasil em meados de Dezembro do ano passado, o posto da saúde comunitária.<br />
<br />
Atender no posto como acadêmico de medicina é uma experiência interessante; esse talvez seja o único mês do internato em que o estudante realmente faz a diferença na conduta e avaliaçāo dos doentes, as vezes por falta de conhecimento, as vezes por falta de tempo daqueles que sāo responsáveis por esses serviços. Os pacientes nāo têm diagnósticos firmados nem sāo acompanhados em ambulatórios especializados, o que nivela um pouco o embate intelectual entre aluno e “mestre”. Nesse serviço, a opiniāo do estudante é realmente valorizada, o único em que ele se sente um pouco mais médico e menos aluno, e com uma vantagem: nāo há obrigaçāo quanto a produtividade; o estudante pode realizar a consulta que quiser, completa ou nem tanto, de acordo com sua personalidade ou conveniência.<br />
<br />
Estava num dia daqueles, paciente e querendo realmente conhecer a fundo cada doente, buscar em seus sintomas uma doença rara que passara despercebida, melhorar cada prescriçāo por detalhes de farmacocinética ou perfil de efeitos colaterais. Num daqueles dias de pouca preguiça intelectual em que realmente aprecio a complexidade daquilo que faço ao invés de me maldizer dela. Usar a cabeça em raciocínios cartesianos complexos e produtivos me faz feliz – pelo menos nos dias certos. Naquele dia, adentrou uma menina, a quarta paciente de uma tarde longa, uma mocinha linda de uns 11 anos de idade, detentora de corpinho magro, rostinho arredondado, cabelos lisos castanho escuros e uns olhinhos levemente puxados que ostentavam com graça a genética indígena que carregava em si. Ela entrou faceira, segura de si, conduzindo a māe, que levava a sua irmāzinha de colo. Fazia contraste com qualquer paciente dessa idade, os quais geralmente entram acanhados, com receio e esperam a māe falar por eles tudo o que sentem; ela nāo, sentou-se e se apresentou:<br />
<br />
<span style="background-color: orange;">- Oi, eu sou a Rayssa!</span><br />
<br />
Admito, essa mocinha me cativou logo de cara. Todos os médicos também sāo gente e, apesar de todo o discurso do cuidado indiferenciado, temos a tendência de sermos mais minuciosos e cuidadosos para com pacientes de quem gostamos, um processo natural denominado contratransferência, do qual fala-se muito, mas de cuja discussāo excessiva pouco importa – só nāo deve ser exagerado.<br />
<br />
<span style="background-color: lime;">- O que você sente Rayssa?</span> – lhe perguntei<br />
<span style="background-color: orange;">- Eu estou sentindo uma dor em pontada bem aqui</span> – apontou com o dedo – <span style="background-color: orange;">ela as vezes vem para cá, piora com comida e quando eu me deito, passa logo, mas volta depois.</span><br />
<br />
Intrigou-me instantaneamente o fato dela ter sido capaz de fornecer apenas com a pergunta inicial toda a descriçāo que eu precisava da dor. Apercebi-me de duas informaçōes: ela ia bastante ao médico e possuía muita capacidade de observaçāo e inteligência. Grande parte dos adultos diriam “uma dor cansada”, “uma dor forte”, e me exigiriam técnicas de simplificaçāo como exemplificaçāo e perguntas mais objetivas. E ela era uma mocinha apenas. A māe a interrompeu:<br />
<br />
<span style="background-color: magenta;">- Essa menina tá doente de novo. Vive gripada.</span><br />
<span style="background-color: orange;">- A minha garganta dói um pouco e eu tusso, mas mais a noite, de dia nāo me incomoda tanto. Tudo começou há dois dias, mas vai passar. Já me acostumei com essas crises, elas duram 4 dias e eu fico boa depois.</span><br />
<br />
Fiz-lhe algumas perguntas de praxe para descartar algumas enfermidades e examinei-a minuciosamente sem encontrar a causa dessa dor de estomago.<br />
<br />
<span style="background-color: magenta;">- Dr, ela toma um remédio também</span> – notificou-me a māe ao notar o meu interesse em adquirir o máximo de informaçōes possíveis.<br />
<span style="background-color: lime;">- Qual?</span><br />
<span style="background-color: magenta;">-A... Atritpi.... nāo sei...</span><br />
<span style="background-color: orange;">- É amitriptilina, māe!</span> – respondeu a menina, impaciente.<br />
<br />
Ela provavelmente foi a única paciente atendida por mim que acertou o nome da droga de primeira, mas isso nāo me importava. “Por que ela toma isso!?”, pensei segurando a minha surpresa.<br />
<br />
<span style="background-color: lime;">-Quem foi que passou esse remédio para você?</span> – perguntei já me preparando para escutar uma barbaridade de conduta.<br />
<span style="background-color: orange;">- Um doutor psiquiatra disse que eu tinha fibromialgia, sofria de muitas dores no corpo e o remédio ajuda um pouco.</span><br />
<span style="background-color: lime;">- E como começou isso tudo?</span><br />
<span style="background-color: orange;">- Começou quando o meu pai foi embora...</span><br />
<br />
Ahh, se eu tivesse uma memória eidética para me lembrar com detalhes daquele discurso feito por uma garotinha abandonada. Ela se expressava com grande nível de detalhe e profundidade de pensamento, possuía um discurso direto, fluido e complexo para a sua idade, com uso perfeito das preposiçōes e conjunçōes, “Nossa! Ela se expressa bem melhor do que eu!”, pensei ao me ver admirando as suas habilidades lingüísticas, ainda cruas, mas que transmitiam grande emoçāo e denotavam um enorme talento: daqueles raros, que brilham mesmo nāo lapidados. <span style="background-color: #cccccc;"><b>JÁ ADMIREI MULHERES POR VÁRIOS MOTIVOS, FORÇA DE VONTADE, RESILIÊNCIA, BELEZA, SIMPATIA, ABNEGAÇÃO, AMOR, MAS ELA TALVEZ TENHA SIDO A ÚNICA QUE ADMIREI PELO TALENTO QUE POSSUÍA, TECIDO NA DOR E NA PERDA DA INOCÊNCIA.</b></span><br />
<br />
A māe dela se ausentou para atender o telefone e deixou a sua filhinha de colo com a irmā. E a Rayssa se soltava ainda mais notando o meu interesse na sua história.<br />
<br />
<span style="background-color: orange;">- Eu tomo conta dessa menina as vezes, mas é muito difícil. Ela é muito mal cuidada, há dias notei essa mancha no rosto dela, parece uma micose, mas a minha māe nāo liga; sempre preocupada com seus afazeres ou largada em qualquer canto da casa chorando e queixando-se do mundo. E o meu pai nem fala mais com a gente, nāo sei como um pai larga os filhos desse jeito só por causa da sua outra mulher</span> – disse com grande expressāo emotiva que seria capaz de dilacerar os coraçōes mais duros. Ela continuou a transbordar a dor de ser abandonada pelo pai por ser mal quista pela madrasta com aquela bela linguagem, singela, mas com tanta coerência, concatenada, bem construída, emocionada e quase ritmada enquanto eu pensava:<br />
<br />
“ahh, menininha talentosa, se você fosse a minha filha, mulher nenhuma do mundo me faria esquecer você”.<br />
<br />
Discutimos diferenciais no posto que passearam sobre o problema imediato dela e outros possivelmente crônicos, mas nada disso me parecia suficiente. Ali tínhamos uma doença puramente social e emocional, algo além da nossa ciência e que nāo pode ser corrigido com remédios – por mais que nos enganemos.<br />
<br />
Perguntei como era o seu desempenho na escola e ela me disse que faltava bastante, mas o conteúdo era muito fácil. “Mais um talento que nāo irá florescer” pensei com muito pesar na alma, pois pouco é capaz de entristecer-me tanto quanto potencial nāo alcançado – talvez porque eu viva a desperdiçar o meu. Peguei o seu telefone, pois me obrigavam a fazê-lo para constatar atendimentos – o rigor da vigilância aos estudantes é diretamente proporcional a falta de organizaçāo e comprometimento com o ensino deles – e gravei-o em meu celular.<br />
<br />
“Algum dia, quando eu estiver em melhor situaçāo, eu vou ajudar essa menina!” Fiz essa promessa já imaginando-me como porto seguro dela, cultivando o seu talento e fazê-lo desabrochar. Queria dar-lhe condiçōes para ser o que ela quisesse, realizar qualquer desejo do seu âmago com o grande presente que ela tinha recebido do acaso. Ela poderia me superar em tudo, quem sabe até criar em mim um pouco de inveja junto ao grande orgulho que me daria, mas nada importava se de uma mocinha que nāo tinha nada, apenas potencial, fosse criado um diamante a brilhar com grande intensidade pelas intempéries da sua criaçāo e lapidaçāo zelosa.<br />
<br />
Nunca me esqueci dessa garotinha, mesmo que o pensamento nāo se detivesse nela com tanta freqüência. E na tarde do furto, quando voltava para casa, percebi com pesar:<br />
<br />
“Eu perdi o número dela...” sabia que todos os outros números, os dos amigos, das garotas, dos contatos profissionais, todos eram facilmente recuperáveis; o valor material do meu celular nāo me incomodava em nada; mas o número da Rayssa, esse eu nāo recuperaria. Estava perdido para mim, motivo de minha grande tristeza naquela tarde de arrependimentos por ter decepcionado a mim e também abandonado mais uma como tantas vezes já fiz: aquela menininha talentosa."<br />
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-2506617401834650362012-08-30T18:00:00.000-07:002012-08-30T18:00:10.549-07:00Muito obrigado, muito obrigado<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvhjD5InNkl5oSpczf7EYJ31Tpc2XCsfI-mSaG-qqLGU_2WBXGlzJ5UUnTyhcW9_7p00H86D0j6LUjdRlCiYXGo0yuhALB4NjasYWurtZXKbWF4dWHVZPu6fTGzilhiNuK15GNTYGk2YwV/s1600/aperto-de-mao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvhjD5InNkl5oSpczf7EYJ31Tpc2XCsfI-mSaG-qqLGU_2WBXGlzJ5UUnTyhcW9_7p00H86D0j6LUjdRlCiYXGo0yuhALB4NjasYWurtZXKbWF4dWHVZPu6fTGzilhiNuK15GNTYGk2YwV/s1600/aperto-de-mao.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de expressobullying.blogspot.com.br</span></td></tr>
</tbody></table>
Haviam-me avisado que o familiar estava lá fora para que me informasse o que ocorreu com sua mãe. Um homem me esperava um tanto nervoso. Ao me apresentar, iniciei uma sequencia de perguntas: "ela teve febre?", "desmaiou?", "sentia dor há quantos dias?". Perguntei, perguntei, perguntei, mas não era isso que ele queria me falar. Ele queria saber se sua mãe sairia daquela e, <b style="background-color: #cccccc;">SÓ DEPOIS DA MINHA DESELEGANTE ATITUDE, PERCEBI QUE SEUS OLHOS ESTAVAM MAREJADOS DE LÁGRIMAS</b>. E que ele tinha uma fala aflita de que está prestes a desabar. E que todo seu corpo gritava um pedido de ajuda. Depois de apoquentá-lo com tantos questionamentos, e só então percebê-lo humano, é que parei e vi o que havia feito: precisava confortá-lo na sua dor.<br />
Assim, falei calmamente da situação de sua mãe, de como havia chegado e o que já havia sido feito. Disse que havíamos examinado-a há pouco tempo e que foram prescritas determinadas medicações. Aos poucos ele foi expondo suas aflições, do quanto tinha medo de que ela falecesse. Na despedida, ele agradeceu bastante as explicações, da mesma forma que o fez quando retornou mais tarde, no horário de visitas.<br />
Então, fiquei pensando em como esquecemos muitas vezes de atender à simples necessidade de informar claramente os familiares, falar a real situação e orientá-los. Estava com a sensação de que todos agíamos assim, perguntando o que a pessoa sabia sobre aquele caso e pronto, afinal havíamos conseguido o que queríamos. Esse pensamento estava rondando minha cabeça enquanto retornava à sala, quando deparei uma médica falando com outros acompanhantes. Ela terminava a explicação e perguntava se alguém tinha algo mais a perguntar. Apertou-lhes as mãos, uma por uma e mostrou-se disponível afirmando que passaria o dia lá, caso precisassem. Bem, nossa saúde pública não está perdida. Não está!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-63846245101886218562012-08-06T09:30:00.000-07:002012-08-06T09:30:47.533-07:00Ida a outro mundo, ainda em vida<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRGxxRDxo57QXXx2GYGhx4LgLFjsBr3wZCwO2a4jA9IMPllA73_jy9cKwJTtY_J7xv24Xw67kepxjrsdCUYCAxeKUfG7WZqs3t4QoxtkLSxgisE_DxvPtvhZDIPmTYg_mDGDNnuF0IlIz6/s1600/acamado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRGxxRDxo57QXXx2GYGhx4LgLFjsBr3wZCwO2a4jA9IMPllA73_jy9cKwJTtY_J7xv24Xw67kepxjrsdCUYCAxeKUfG7WZqs3t4QoxtkLSxgisE_DxvPtvhZDIPmTYg_mDGDNnuF0IlIz6/s1600/acamado.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de nucleoholistico.com.br</span></td></tr>
</tbody></table>
Eu já havia entrado em UTI's outras vezes, porém começar a estagiar em uma delas me levou a algumas observações interessantes sobre os pacientes, os familiares e a equipe de trabalho.Tenho visto, por exemplo, que eu própria tenho um zelo extremado no que se refere ao silêncio. E, bem, algumas vezes me pego incomodada quando algumas pessoas não respeitam esse silêncio que eu espero das UTI's. Entretanto, impressões pessoais a parte, o que me tem chamado atenção é a relação que existe entre os pacientes e os familiares. Eles ficam muito tempo esperando lá fora, atrás do vidro, até que alguém surja e diga que é permitido que entrem. Aproximam-se e mal recebem as instruções de como se portar (afinal, não é obrigação deles que saibam que os pacientes podem estar infectados com bactérias multirresistentes, "ou seja lá o que isso quer dizer"!), mas prontamente recebem chamadas pelos pequenos erros que vêm a cometer: encostar em materiais contaminados, vestir os jalecos descartáveis e jogá-los em locais inapropriados, soltarem as contenções que evitam que o paciente desconecte os fios que trazem e levam medicações, etc.<br />
Os parentes olham lentamente o familiar, como se o simples olhar pudesse machucá-lo de alguma forma. Geralmente não trazem lágrimas ou contêm estas até que o paciente não as possa ver. É difícil também ser familiar. Não se está acamado e sofrendo dores, mas se está lutando com seus sentimentos. Sentimento de saudade do ente que está no hospital, pena de vê-lo naquela situação, cansaço pelas frequentes idas ao hospital, estresse por conta dos problemas que este deixou por resolver.<br />
Não sei se foi apenas impressão, mas estes visitantes são mais contidos que os demais de todo o hospital. Estão mais mastigados pela demora da recuperação, talvez, ou apenas entendem que não adianta, como em outras partes do hospital, gritar com o corpo de enfermagem por atenção ao seu parente: eles recebem atenção necessária, 24hs, mas não depende apenas de atenção. "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia", e assim prosseguem as visitas nas UTI's: <b style="background-color: #cccccc;">PARECEM SERES QUE SAEM DO SEU MUNDO POR ALGUNS INSTANTES PARA VISITAR PARENTES QUE MUITAS VEZES NÃO LHE PODEM FALAR OU MESMO VER, MAS AINDA ASSIM DEIXAM SUAS REALIDADES PARA VIVENCIAREM AQUELES MOMENTOS</b>.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="88" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s320/Assinatura.gif" width="320" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-49825578806898288392012-07-30T16:15:00.000-07:002012-07-30T16:15:38.715-07:00Vida sob uma linha<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOcte8oz5NwdjeLF5S9EESKnbnyEw_HmgSj7ih-nScSBOYcl8HKAHLHI-wxNAhnbekTAAGkF5QtIOtyfNx6JxUEeCstGidFLa4q5eI9YzjPi48_y5EXFAyFahFIiVQ_uCo6ewslfqDusMF/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOcte8oz5NwdjeLF5S9EESKnbnyEw_HmgSj7ih-nScSBOYcl8HKAHLHI-wxNAhnbekTAAGkF5QtIOtyfNx6JxUEeCstGidFLa4q5eI9YzjPi48_y5EXFAyFahFIiVQ_uCo6ewslfqDusMF/s1600/images.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de hscj.com.br</span></td></tr>
</tbody></table>
Todos da sala ficaram alarmados, como de costume, com a entrada daquele paciente em parada cardíaca. Havia, há pouco, comentado com um colega sobre uma postagem do blog (ler <a href="http://www.pacientesensinam.blogspot.com.br/2012/07/breve-vida.html" target="_blank">aqui</a>) e o fato de que as reanimações cardíacas muitas vezes nos frustrava. Iniciaram-se os procedimentos de praxe e corremos para nos paramentar para a reanimação. O primeiro estudante, ele próprio, iniciou as massagens. "Um minuto", gritava a doutora que estava fazendo a contagem; "Troca", subiu outra colega para reanimá-lo.<br />
Não conseguia parar de pensar no fato de que era um paciente relativamente jovem que estava ali, nas mãos da equipe, que dependia das massagens, das medicações, da eficiência do serviço, da sua própria constituição física e, sim, de sua sorte. Muitos fatores que influenciariam o seu retorno ao "ritmo cardíaco regular, em dois tempos, bulhas normofonéticas, sem sopro", e dentre estes fatores estávamos nós!<br />
Quando me aproximei para massageá-lo, posicionei-me em frente ao seu tórax, mão dominante abaixo da outra mão, braços retos e comecei a contagem. Uma outra colega havia me dito na semana anterior uma maneira de contar o ritmo da massagem, mas desisti na quinta compressão porque aquele ritmo simplesmente não conseguia entrar no meu cérebro. Fui para o tradicional "e 1 e 2 e 3..." e fiquei assim pelos próximos dois minutos. Não sei, mas olhei apenas rapidamente para o rosto daquele senhor. Diferentemente da senhora do outro texto, naquele dia não queria que, além da minha frustração, os pensamentos sobre a sua vida e família me ficassem rondando por tanto tempo. Mas foi inevitável não pensar neles! <b style="background-color: #cccccc;">E UM TURBILHÃO DE IMAGENS COMEÇOU A DANÇAR NA MINHA CABEÇA MAIS UMA VEZ, COMO SE QUISESSEM ME PROVAR QUE NÃO ADIANTA QUERER SEPARAR A RAZÃO DO CORAÇÃO, ELES ANDAM COM NAMORADOS, DIRIA ATÉ COMO RECÉM-NAMORADOS, MÃOS DADAS E BEIJINHOS: NÃO SE DESGRUDAM, NÃO ADIANTA!</b><br />
Quando a voz da doutora me trouxe de volta à sala, vi que era hora de checar o pulso. Virei-me para o monitor e vi que a "linha de sua vida" estava pulsando. Mas isso não significaria muita coisa se a doutora não houvesse dito, junto a essa observação, que o paciente tinha pulso palpável. Ele tinha pulso!!! Tínhamos reanimado o paciente com sucesso! O meu colega olhou para mim e seus olhos tinham um brilho tão particular de quem diz " Conseguimos". A despeito da nossa vitória particular, os demais pareciam já ter visto isto demais. Nós dois não, ele repetia "Conseguimos", eu queria gritar! Nossa primeira reanimação com sucesso, como não ficar feliz?<br />
Liguei para a minha mãe para avisar, disse ao meu namorado, comentei com os colegas. Claro, não havia feito nada sozinha, mas fiz um pouco pela volta daquele paciente. Ah, fiz sim!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-79715330555456084622012-07-19T06:10:00.000-07:002012-07-19T06:10:19.090-07:00Eu, gripô<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1qQrTkbv0lDM30qLRAyeVYjdlJH7qL0IJY55cA_LeqPxGDQNynVKQKR5MR4tqqzTMEhenCXttk92sWfijLIzmnT0Kv8yo0TrEcrD8Jevel9uaS3SwRW_4FrkLMkmNbY-jsUybRMba3DBz/s1600/gripe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1qQrTkbv0lDM30qLRAyeVYjdlJH7qL0IJY55cA_LeqPxGDQNynVKQKR5MR4tqqzTMEhenCXttk92sWfijLIzmnT0Kv8yo0TrEcrD8Jevel9uaS3SwRW_4FrkLMkmNbY-jsUybRMba3DBz/s1600/gripe.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de rafaelasahib.blogspot.com</span></td></tr>
</tbody></table>
Engraçado como são as coisas da vida. Parece que quando você é estudante da área da saúde, todos os seus amigos e parentes querem que você esteja 24hs agindo como profissional da saúde. E tudo isso se torna pior quando você adoece!<br />
Esses dias estive doente e eu nunca (leia-se "nunca") gostei de tomar remédio. Tenho pena do meu fígado e me dói quando vejo as pessoas tomarem paracetamol como água. Sim, eles tomam. Isso é, inclusive, motivo de "mini-discussões" frequentes com meu namorado. Paracetamol e antibióticos.<br />
Enfim, estive doente esses dias e acreditei ser uma bobagem. "Água e descanso" foi minha auto-prescrição! Depois vieram as "meisinhas" da minha mãe: tome suco de laranja que é ótimo pra isso, beba esse melzinho, cheire essa infusão de Vick<span style="background-color: white; font-family: Symbol; font-size: 11pt; line-height: 115%;">â</span><span style="background-color: white;"> e água, tome esse remédio. Eu fui piorando. Depois de três noites sem dormir, segui o conselho de amigos e mãe: fui ao médico.</span><br />
<span style="background-color: white;">Bem, eu estava mesmo doente, precisando de remédios e antibióticos. Remédios dos quais eu nem imaginei precisar.</span><br />
<span style="background-color: white;">Sim, nós da área da saúde queremos ser auto-suficientes, mas não é fácil. Além de não sabermos de tudo e de algumas vezes não pensarmos em certos diagnósticos (por não sermos especialistas naquela área), ainda tem os amigos/familiares para nos lembrar isso... e falar, falar, falar. Agradeço-os pela ajuda, claro. Mas escutei muito esses dias.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Doutora, doutora, não quer se cuidar!</span><br />
<span style="background-color: white;">Agora a "doutora" está se cuidando e está "noiada". Comer de três em três horas e tomar todos os remédios mandados. A minha mãe agradece!</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<span style="background-color: white;"><br /></span><br />
<br />
<br />
<span style="background-color: white;">p.s.: Esse texto é dedicado à Lourdinha, Nati e Pedro Jorge.</span>Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-68995353645728192322012-07-19T05:38:00.000-07:002012-07-19T05:38:25.359-07:00Breve vida<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9e8BIsmlWSkk52_TNZStOL9t_JtT1vvxwx86IaIKE4efCZG9ClsQbxKxI7NZQWBPjdaONMuaNAhx3dBJzY9OTZi0MVM7bUg3QBK3OPU9HepAb3rBqXbiIuziFUm38knxQVALH6L8L7QjY/s1600/butterfly.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9e8BIsmlWSkk52_TNZStOL9t_JtT1vvxwx86IaIKE4efCZG9ClsQbxKxI7NZQWBPjdaONMuaNAhx3dBJzY9OTZi0MVM7bUg3QBK3OPU9HepAb3rBqXbiIuziFUm38knxQVALH6L8L7QjY/s320/butterfly.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de citacoesepoesias.blogspot.com</span></td></tr>
</tbody></table>
O plantão estava agitado. Normal para o local que eu estava: estava na sala que recebia as pessoas com iminência ou em parada cardíaca.<br />
O fato é que, lá pelas tantas, uma das pacientes para e já estavam reanimando-a quando eu cheguei. "E um e dois e três..." contava-se as compressões que eram feitas naquele peito que subia e descia apenas por causa do respirador manual.<br />
Eu ainda não havia reanimado ninguém lá, então a médica olhou para mim e disse que eu o fizesse.<br />
Procurei a escadinha e comecei a minha contagem. Há quem diga que os dois minutos de massagem cardíaca são os mais longos do dia-a-dia do médico. E são! Mas cada pessoa tem seus motivos para dizer isso, e aqui digo os meus.<br />
A senhora tinha aproximadamente cinquenta e tantos anos e seus olhos estavam com aquele brilho cego que ninguém quer vislumbrar. O olhar no nada olhava para mim, eu sabia, e aqui dentro alguma coisa pedia: volte à vida, volte à vida. Claro que aprendemos na faculdade que é necessário desprender-se de alguns sentimentos para poder seguir na profissão, tal qual uma freira que, por percorrer diversas instituições, não se deve apegar demais aos convivas. Bem, não sou freira. Nem boa futura médica, então. Foi inevitável pensar nos familiares daquela mulher e nos muitos anos que ela teria pela frente. Foi inevitável encarar aqueles olhos e fazer uma breve oração (ou seria um mantra?):<span style="background-color: white;"> </span><span style="background-color: white;">volte à vida, volte à vida.</span><br />
<span style="background-color: white;">Fiz ainda outro ciclo de massagem torácica e me dei conta de que essa sensação, de que aquela pessoa tem sim uma história, me acompanharia em todas as reanimações. Foi assim na primeira vez, na segunda, na terceira. Foi assim quando eu vi o senhor também de meia idade parar na minha frente e todos naquela sala caminharem com calma. Engraçado que dia desses li em um renomado livro de emergências médicas que o médico emergencista deve ter, entre outras qualidades, calma em situações extremas. O que tenho a dizer é que tenho muito que aprender ainda! Mas que espero não desaprender esse sentimento que me faz amar a Medicina.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<span style="background-color: white;"><br /></span>Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-76732663711812067072012-07-02T16:29:00.000-07:002012-07-02T16:29:13.395-07:00Série "Outras Impressões" - Sobre Médicos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMjVpewznO9HtjPGBx_djHDnSHQ08kPE2WmI1iDPA8PYmRK-F5hyphenhyphentMxYboNwqJuW_VMGQhvu6V7NsssN6ZBCztLHvx67Oh_UO0vWZuszoa78mtPqPxzdbBhtjMKN4l9THYYlL19lKN4-_N/s1600/bastao-de-esculapio.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMjVpewznO9HtjPGBx_djHDnSHQ08kPE2WmI1iDPA8PYmRK-F5hyphenhyphentMxYboNwqJuW_VMGQhvu6V7NsssN6ZBCztLHvx67Oh_UO0vWZuszoa78mtPqPxzdbBhtjMKN4l9THYYlL19lKN4-_N/s1600/bastao-de-esculapio.gif" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
A sexta edição da série "Outras Impressões" compartilho um texto que me fora apresentado pelo acadêmico Jean Souza, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, e que, depois, achei-o na Página Pensamentos Leosavassianos (Quer conhecê-la e curti-la? <a href="http://www.facebook.com/pages/Pensamentos-leosavassianos/142005362582254" target="_blank">Clique aqui</a>)<span style="background-color: white;">. Muito bom, cheio de uma boa verdade que doi, mas que é necessária. A autoria do texto é de (assim está escrito) Francisco Rocha, médico de alma, e o título é "Sobre médicos". Vale a pena ler na íntegra!</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLA1cKWUUMkekZ5CAkpyaTz_rU67VhHX3FF1eTbKMoPDJmwA22OEaqp_5HErjML254DuYNJiGa_xbusyoYRRaqAaZ2QS8oUlq2x3Bdso7QmOn0S-CHcOgk28kr47B6yk85TaEKVOCPQbX1/s1600/400558_142010785915045_156062875_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLA1cKWUUMkekZ5CAkpyaTz_rU67VhHX3FF1eTbKMoPDJmwA22OEaqp_5HErjML254DuYNJiGa_xbusyoYRRaqAaZ2QS8oUlq2x3Bdso7QmOn0S-CHcOgk28kr47B6yk85TaEKVOCPQbX1/s1600/400558_142010785915045_156062875_n.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem da Página Pensamentos Leosavassianos, de propriedade de Leonardo C. M. Savassi</span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="background-color: white;">"</span><span style="background-color: white;">Sobre Médicos</span><br />
Por Francisco Rocha, médico de alma.<br />
<br />
Olha, somos, sim, muito mal pagos. Desculpem-me todas as outras profissões (que também são mal pagas), mas nós lidamos com a morte o tempo todo, seja para afastá-la por mais tempo ou dando conforto para sua chegada cada vez mais próxima, ouvimos dores o tempo todo, seja o médico psiquiatra ou cirurgião, somos quase sempre os vilões: para a mídia, nós não atendemos pacientes, nós recusamos cirurgias, não fazemos partos, estamos interessados somente em prescrever remédios para ganhar vantagens da indústria farmacêutica; para os pacientes, temos má vontade em atender, atendemos com pressa, somos grossos se não estamos de bom humor, somos preguiçosos se dormimos no plantão, somos demorados se fazemos hora do almoço, somos o capeta se o paciente morre mesmo que tenhamos feito de tudo, somos santos (e é tão pesado ser santo quanto demônio) se o paciente se salva; para nossos empregadores (planos, serviço público) somos produtividade apenas, ferramentas de propaganda política, lucro; para nossos colegas somos menores se não temos residências mil, somos medíocres se somos "somente" médicos de família, bruxos se somos Psiquiatra, carniceiros se somos cirurgiões, arrogantes se somos neurocirurgiões, menos capazes se cuidamos só de crianças, nem médicos somos se somos radiologistas ou patologistas. Para todas as outras profissões somos metidos, reclamões.<br />
Poxa, estudamos, sim, por mais tempo, nosso curso é muito difícil se levado a sério, e não é difícil por causa das disciplinas, porque para mim nada é mais difícil do que física, por exemplo, mas difícil pela responsabilidade da nossa profissão. Quando se faz Medicina por amor, como eu faço, sabe-se que, quanto mais sabemos, mais ferramentas para matar o paciente se tem. Sim, matar, porque é muito mais fácil cometer um erro quando se tem mais opções. Quando decidimos um tratamento, por mais simples que este possa ser, há implicações, há reações adversas mil que podem ocorrer e matar o paciente.<br />
Para nós, que fazemos Medicina por amor, o final é o paciente, não é o dinheiro, o sucesso. <b style="background-color: #cccccc;">SOMOS MAL PAGOS E MAL VISTOS E CÁ ESTAMOS SORRINDO PARA CADA PACIENTE QUE AGRADECE O FATO DE NÃO SENTIR MAIS DOR</b>.<br />
Tenho vários amigos em várias profissões e eles são muito competentes, excelentes, crânios, mas afirmo com quase certeza (porque a certeza absoluta é burra) que nenhum deles daria conta de uma jornada de trabalho nossa de oito horas.<br />
Medicina é vida e morte e não há nada mais complexo do que viver e morrer.<br />
Por isso, antes de reclamar dos médicos, de falar que nós nos queixamos à toa, coloque-se no nosso lugar. E perceberam como escrevi na primeira pessoa do plural? É porque eu não me vejo médico sozinho, sou médico com todos os meus colegas que, né, poderiam passar a ter essa consciência de classe.<br />
<b style="background-color: #cccccc;">NÃO SOMOS SUPERIORES NEM INFERIORES, SOMOS MÉDICOS E PACIENTES</b>. Já pensaram como isso é difícil? Se por um lado sentimos a alegria duas vezes, a dor também vem em dobro e continuamos sorrir porque não sabemos fazer outra coisa no final do dia.<br />
<br />
Por Francisco Rocha, médico de alma."<br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-40009887381067393992012-07-01T17:43:00.002-07:002012-07-01T17:51:36.760-07:00Não tenho como te responder...<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlqocdWXxLhbHoG5IIZ_9tED-SL2N41ZdlMB4-8TMqpbokXU-ieJQttehURG81kD05kdhms8sKq_-a2d-NR4t49dnlpOB-2c2UZbVVjNN2InWhddeWnPJ6Bgl71lgorA-OjcVBgupvWd1j/s1600/maos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlqocdWXxLhbHoG5IIZ_9tED-SL2N41ZdlMB4-8TMqpbokXU-ieJQttehURG81kD05kdhms8sKq_-a2d-NR4t49dnlpOB-2c2UZbVVjNN2InWhddeWnPJ6Bgl71lgorA-OjcVBgupvWd1j/s320/maos.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de aromais.blogspot.com</span></td></tr>
</tbody></table>
Ele seguiu o médico calmamente para detrás do biombo, onde seria realizado o exame físico. Os olhos da sua esposa o acompanhavam parecendo querer segurá-lo para que não caísse. O paciente estava bastante debilitado. Havia passado por algumas sessões de quimio e radioterapia e vinha em acompanhamento. Porém, apresentou alterações no PSA (exame para análise de doenças da próstata). Assim que o percebera fora daquele ambiente, virou para nós, meros estudantes, com seus olhos tão cheios de súplica e perguntou:<br />
<b style="background-color: orange;">- Vocês acham que esse exame alterado é alguma coisa? Será que ele está doente de novo?</b><br />
Como responder a isto? Nesses momentos é que percebemos duas coisas importantes: não sabemos tanto para explicar aos pacientes/parentes e somos, entretanto, peça fundamental em alguns tipos de atendimento. Algumas vezes os acompanhante não têm coragem de perguntar ao médico (ou este não deixa que eles falem). Daí nos sobra a importante tarefa de fornecer informação de qualidade e de, principalmente, confortar os familiares.<br />
Bem, o fato é que os olhos daquela mulher me fizeram pensar que eu não seria tão capaz assim de responder. <b style="background-color: #cccccc;">ELES TINHAM UMA PROFUNDIDADE DE QUEM TEMIA A RESPOSTA, DE QUEM SABIA QUE A VIDA É EFÊMERA E QUE SEU MARIDO PODERIA PROVAR-LHE ISSO</b>. <span style="background-color: white;">Os acompanhantes dos pacientes, muitas vezes, tem uma carga tão pesada quanto a do próprio doente. Eles podem não ter as náuseas frequentes, dores no corpo ou a perda da acuidade visual, mas sofrem por ver quem ama passar por tudo isso. Alguns deles aguentam o choro, a angústia, o silêncio e a agressividade do seu ente, sabendo que podem apenas apoiá-lo.</span><br />
<span style="background-color: white;">Àquela mulher foi dito que mais exames deveriam ser realizados para chegar ao diagnóstico, mas aquilo não bastava para ela, que passaria 24 horas ao lado dele, seu marido, sem saber se ele estava doente outra vez. Então pedi-lhe apenas o que era possível naquele momento, possível para mim e para ela: pedi-lhe para tentar se manter forte porque ele precisava daquela fortaleza, precisava de alguém que o mantivesse de pé.</span><br />
Ao final da consulta, ela nos agradeceu, um a um, e eu soube que o que podíamos fazer por ela fora feito. E soube que os parentes também precisam desse nosso remédio chamado Atenção!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-44541948303532021272012-06-18T05:19:00.002-07:002012-06-18T05:19:47.962-07:00Com que sentimento me olhava?<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPaGqonhBd0Cjr2tXR_1Ec1HP-6AKh7vjLBLhO2NqEnjzAT_NMLNPWUN522D9RpWXLvUmgom3OZ1SanOSayw0FB3Q5e6NTEf0Ko_mcRhlooIdeXVGaIzohmkSyswPbVuxHJFosJDJcfaAJ/s1600/BXK32456_lagrima800.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="color: black; font-size: xx-small;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPaGqonhBd0Cjr2tXR_1Ec1HP-6AKh7vjLBLhO2NqEnjzAT_NMLNPWUN522D9RpWXLvUmgom3OZ1SanOSayw0FB3Q5e6NTEf0Ko_mcRhlooIdeXVGaIzohmkSyswPbVuxHJFosJDJcfaAJ/s320/BXK32456_lagrima800.jpg" width="320" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de </span><span style="font-size: xx-small;">rabiscandopoesiasrj.blogspot.com</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
Deu um passinho para trás quando nos viu na sala. Éramos quatro estudantes observando-o entrar. Ainda assim, ao comando do médico, ele entrou. E, por fim, disse que precisava dar uma palavrinha em particular com o médico. "Não se preocupe, Fulano, o que o senhor disser aqui é resguardado pelo sigilo médico", tranquilizou-o o doutor. O paciente olhou-nos mais uma vez, titubeou como se nossas "carinhas juvenis" não lhe dessem a segurança necessária para prosseguir, mas ainda assim sentou-se.<br />
Aquela seria a minha primeira entrevista com um paciente soropositivo e ali estava eu, caneta a postos, estetoscópio pesando no pescoço, o jaleco esquentando... Comecei as perguntas conforme o roteiro: nome, idade, profissão. A parte que eu mais temia perguntar, por provavelmente ter pouco jeito com quilo, era sobre a sexualidade. "Pacientes HIV positivos não gostam de falar sobre como provavelmente adquiriu o vírus", pensava eu. Porém, além da minha clara ignorância em estreitar a transmissão apenas para a via sexual (e os acidentes perfuro-cortantes? E as transfusões? E...?), esta parte da entrevista foi tranquila.<br />
Entretanto, com o passar das explanações do médico acerca da nova vida que o paciente deveria ter ("use camisinha, coma frutas e verduras, faça exercícios, venha periodicamente ao meu consultório"), <b style="background-color: #cccccc;">SEUS OLHOS FICAVAM MAREJADOS E ELE PARECIA QUE IA CORRER A QUALQUER MOMENTO DALI</b>. E eu já não mais falava, apenas o olhava.<br />
Depois de todos os atendimentos, saíamos conversando alto, quatro estudantes que continuariam a vida apesar de tudo o que fora dito e discutido. Quando, de relance, vejo o paciente na porta do consultório. Ainda que passasse repetidas vezes as mão embaixo dos olhos, elas não eram rápidas o suficiente para impedir que a profusão de lágrimas rolasse. Eu definitivamente não estava em condições de consolá-lo, não tinha como eu fazer aquilo, sentia-me absolutamente despreparada. Conversei com minha amiga, que por sua vez foi conversar com ele. Quando retornou me disse "É, ele estava mesmo precisando disso!"<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-82898544669777625572012-05-25T16:17:00.000-07:002012-07-02T16:29:49.677-07:00Série "Outras Impressões": Medicina se aprende com a vida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMjVpewznO9HtjPGBx_djHDnSHQ08kPE2WmI1iDPA8PYmRK-F5hyphenhyphentMxYboNwqJuW_VMGQhvu6V7NsssN6ZBCztLHvx67Oh_UO0vWZuszoa78mtPqPxzdbBhtjMKN4l9THYYlL19lKN4-_N/s1600/bastao-de-esculapio.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMjVpewznO9HtjPGBx_djHDnSHQ08kPE2WmI1iDPA8PYmRK-F5hyphenhyphentMxYboNwqJuW_VMGQhvu6V7NsssN6ZBCztLHvx67Oh_UO0vWZuszoa78mtPqPxzdbBhtjMKN4l9THYYlL19lKN4-_N/s1600/bastao-de-esculapio.gif" /></a></div>
<br />
O quinto texto da série "Outras Impressões" parecia mais uma postagem despretensiosa de Márcio Vinícius Gonçalves Leite no Facebook, porém estava cheia de uma verdade que precisa ser dita: Medicina se aprende com a vida... Márcio é aluno da Faculdade de Medicina da UFC e compartilha conosco suas impressões.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgda8yR2N4Btka0ZViZEmMn0tgzvMevlvDLGSgQguSXOXzUSFpcAR5kYi2VczjlxRpXJRa51W-BexYLQZ4cy0hYM-VAHgvmf8Sa0h8cx2zJiv9wy-jwEIyxJ37IUg4SZdQUJznDWf-MK-ZY/s1600/308192_2628808849389_1530375150_32693587_572238909_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgda8yR2N4Btka0ZViZEmMn0tgzvMevlvDLGSgQguSXOXzUSFpcAR5kYi2VczjlxRpXJRa51W-BexYLQZ4cy0hYM-VAHgvmf8Sa0h8cx2zJiv9wy-jwEIyxJ37IUg4SZdQUJznDWf-MK-ZY/s1600/308192_2628808849389_1530375150_32693587_572238909_n.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 13px;"><span style="font-size: xx-small;">Márcio Vinícius - estudante de Medicina</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
"Se alguém me perguntasse meu maior desejo eu iria dizer que eu não queria que o tempo me mudasse. Eu não quero um dia me transformar naqueles médicos que tratam as doenças em vez das pessoas.<br />
Quando eu estava no colégio eu achava que a faculdade era o mais importante de tudo. Mas o que a faculdade te ensina é apenas biologia. Medicina se aprende com a vida. E ninguém ensina mais que os pacientes. São eles que te fazem perceber que o médico é antes de tudo um amigo. E que não há dinheiro no mundo que pague um "muito obrigado".<br />
<b style="background-color: #cccccc;">EU AGRADEÇO A TODAS AS PESSOAS QUE AJUDEI ATÉ HOJE PORQUE ELAS FORAM MEUS MAIORES PROFESSORES</b>. E quem quer que precise saiba que pode contar comigo. Sempre."Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5766515108092074392.post-12792393687335417442012-05-17T17:59:00.004-07:002012-05-17T17:59:58.290-07:00Já dizia minha avó...<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOVDvTd8FFq7ftd4H9xf3zMJbk28j7lJO8RMeswdLnmoHWg8iQEyq67Vddzk2Yrcov3mP_9DY5FBWeim6lbRPuop1vNTKKrvorms-A-ep0cEFWJRZPMTHX15RH1Zg3J6MRbkwF5Zb2AGHP/s1600/01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="color: black; font-size: xx-small;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOVDvTd8FFq7ftd4H9xf3zMJbk28j7lJO8RMeswdLnmoHWg8iQEyq67Vddzk2Yrcov3mP_9DY5FBWeim6lbRPuop1vNTKKrvorms-A-ep0cEFWJRZPMTHX15RH1Zg3J6MRbkwF5Zb2AGHP/s320/01.jpg" width="240" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem retirada de </span><span style="font-size: xx-small;">cac-php.unioeste.br</span></td></tr>
</tbody></table>
Ouvia aquela voz baixinha saindo da senhorinha frágil. Olhei para o papel onde estava escrito 167x100mmHg e voltei o olhar para ela. Não queria acreditar no que ouvia...<br />
<br />
<b>- <span style="background-color: orange;">E Dona Fulana, a senhora cai muito?</span></b><br />
- <b style="background-color: lime;">Caiu sim, minha filha. Um dia desses cai de uma escada ali, na minha casa, ai senti um gosto de sangue na minha boca e muita dor. Peguei e coloquei uma xícara de água e coloquei sal dentro e tomei, porque eu lembrei que era bom pra sangramento, essas coisas.</b><br />
<br />
O conhecimento popular nem sempre é o inimigo da saúde, aprendemos muito com os "fazeres populares". Aprendemos que alguns alimentos podem mesmo ser "reimosos" (ainda que não se consiga comprovação científica) e aprendemos que maracujá é um bom suco para quem anda com a pressão alta, apesar de não substituir a redução da ingesta sódica e a tomada da medicação. Mas muitas coisas são feitas que chegam a preocupar-nos.<br />
Lembro-me das inúmeras vezes que discutia com a minha mãe sobre "um ótimo remédio para vomitar": coloca-se cinza quente do borralho do fogareiro em um copo com água fria e toma tudo. Também, quem não vomitaria!?<br />
Meu pai, então, é o primeiro a correr para a cozinha quando os primeiros sintomas de dor-de-garganta aparecem: segundo ele, nada melhor para curar do que uma boa colher de margarina esquentada na boca do fogão ("Bom mesmo é com manteiga-de-garrafa", ele diria!) com meia colher de sopa de sal. Meia colher de sopa de sal!!! Realmente, não sentiria mais a dor-de-garganta porque minha garganta seria corroída e deixaria de existir.<br />
Minha avó mesmo media os "umbigos" dos seu filhos com o galho do peão-roxo e colocava em baixo do pote de água, mas não antes de procurar pela casa um bom botão para colocar no buraquinho da barriga do bebê também para evitar a hérnia. Pois é, e a infecção do coto umbilical?<br />
No dia-a-dia dos profissionais da área da saúde é importante reconhecer alguns "fazeres populares" que podem prejudicar o paciente. <b style="background-color: #cccccc;">LEVAR PARA A REZADEIRA, SIM. E PARA O MÉDICO? TAMBÉM!</b> Assim eu aprendi com meus professores de Assistência Básica à Saúde. Não há nada melhor do que resolver o problema do paciente e, principalmente, ajudá-lo a não adquirir outros problemas. Jamais seremos donos da verdade, e uma crítica que fazemos hoje pode ser a nova opção terapêutica de amanhã. De toda forma, somos obrigados a compartilhar o que conhecemos e incorporar o que de bom nos é oferecido!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s1600/Assinatura.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="55" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhydK7t0OU9YPaeQHnWGDWmQDyh6jUOyVy5elNFu0nUFeldKJG3A7w76Hlt2YMQRwDlUdjNdfQcA4Mo3iWhe0c-Ep0e79lC6MwRws0qK6glS7h6u4JHyTWh-mWQMQ9zZNKqZbugo6hz4Ezd/s200/Assinatura.gif" width="200" /></a></div>
<br />Audinne Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/13164583943426691997noreply@blogger.com0