sexta-feira, 9 de setembro de 2011

E seu riso era como o dia...

Portrait of a Negress 1800 by Marie-Guillemine Benoist
Quando ela entrou no consultório, eu não sabia a que vinha. Era uma senhora algo sofrida, encurvada e mancava por causa de uns problemas que teve; trazia marcas da doença que a acompanhava a tempos e referia dores  em várias partes do corpo.
Sentou-se. Quando começou a falar sua história, eu estava a um canto, calada, observando. SEUS TREJEITOS TRADUZIAM UMA SENHORA QUE GOSTA DA VIDA, MAS QUE ESTA DECIDIU DAR-LHE O FARDO DE SUA DOENÇA. Por vezes, quando perguntávamos se tinha mais alguma queixa da doença, esquecia e era lembrada pelo acompanhante - parecia até que não estava se importando com a peça que a vida pregou-he.
Lá pelas tantas, começamos a perguntar sobre seus hábitos e ao ser perguntada se fumava, disse rapidamente que fumou por duas semanas, mas que não aguentou ... o preço do cigarro! Fazia-nos rir junto com suas histórias e não se incomodou quando quase uma dezena de pessoas se amontoou no consultório para também ouvir a história das suas "agruras".
Disse ainda que passou o mês de férias todo contando os dias para chegar esse momento, o da consulta na Universidade. A residente, intrigada, perguntou o porquê disso, ao que ouvimos:
- ADORO SER ATENDIDA AQUI. É TANTA GENTE DANDO ATENÇÃO PRA GENTE!
Contou que, de uma outra vez que ficou internada lá, houve uma aula na beira do leito em que estava. Começou a discussão sobre seu caso e o professor, inquisitivo, perguntou algo aos alunos. Ninguém estava sabendo a resposta, mas, como ela mesma disse, ela ouviu tantas vezes essa aula que cochichou para o aluno mais próximo a resposta! E era a resposta correta!
Nossa! E ainda duvidam que os pacientes têm o que nos ensinar!!!

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