terça-feira, 26 de abril de 2011

Tem um lugar para mim ainda?

Sunday, de Edward Hopper
Como autora de blog estou mais para "roubadora de histórias". Digo isso porque esta é uma história bela, captada de outrem e repassada com carinho para vocês...

As três gerações estavam reunidas na sala, conversando: avô, mãe e neto. A mãe passava um sermão no senhor idoso, que ele não deveria deixar de tomas os remédios porque o coração dele mais parecia uma metrópole de tantas "pontes" que já foram feitas, que isso, que aquilo...
O senhor, enfadado com o discurso moralista disse "Minha filha, eu já estou tão velho que estou ficando cansado"...
O neto olhou bem rápido para o avó e fez-lhe uma pergunta que ainda hoje ecoa no coração de sua mãe: "Vovô, SEU CORAÇÃO ESTÁ TÃO VELHO QUE NÃO TEM MAIS MEU LUGAR LÁ DENTRO MAIS, NÃO?!"

A doença é uma entidade capaz de mudar bastante aquele que com ela convive, mas não passa despercebida por que lhe rodeia. Essa é uma mensagem de um coração inocente de criança para nós, que desaprendemos as sutilezas das palavras...

sábado, 16 de abril de 2011

"Eu e minha boca!!!"

Foto retirada de lady-bird---uma-joaninha-maluka.blogspot.com
É importante que tenhamos sempre cuidado com o que dizemos às pessoas, e isso se faz bastante presente nas profissões da área da saúde. Assim, o caso de hoje vem ilustrar essa verdade.
Em uma atividade desenvolvida na faculdade de Medicina, estava conversando com uma senhora sobre a prevenção de doenças e a importância de procurar um profissional competente para detectar as doenças. Ela me narrou então sua história: há algum tempo (quase vinte anos atrás) ela procurou um médico com queixas respiratórias. Feitos alguns exames, ela foi diagnosticada com câncer. ELA DISSE QUE FOI UMA FASE MUITO DIFÍCIL E QUE ELA CHORAVA INCONTROLAVELMENTE. Após mais alguns exames, o médico disse-lhe que, na verdade, não se tratava de câncer, mas de uma "inflamação" nos pulmões por conta do cigarro.
O fato é que, depois de todo esse sofrimento e apreensão, a paciente desenvolveu uma síndrome psiquiátrica grave, a síndrome do pânico, e, POR CONTA DISSO, FAZ TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ATÉ HOJE, VINTE ANOS DEPOIS.
Isso é uma dica para que não esqueçamos a importância do que a gente fala. Outra curta história que ilustra isso ocorreu em uma aula em que o paciente veio procurar o doutor para perguntar como ele ficaria, e o doutor disse-lhe "É... SUA DOENÇA NÃO TEM CURA MAIS NÃO"... Cuidado com o que falamos e, principalmente, como falamos...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Sair do meu mundinho...

Fonte: eloizanetti.com.br
Acredito que, a partir desse post, haverá mudanças no blog. É que agora falarei novas experiências e uma nova realidade: estou conhecendo a fundo o atendimento no hospital público, do lado de lá (no atendimento)! Para iniciar essa fase, farei uma breve introspecção.
Hoje, durante meu primeiro plantão, levei um choque ao ser arrastada para fora do meu mundinho. Eu nunca fui uma pessoa cheia de posses e pego ônibus como muitos o fazem, todos os dias "de madrugada"... mas, ao ver o que acontece na madrugada de um hospital público, eu vi o quanto eu era alienada, ESCUSA NO MEU DIA-A-DIA DE LIVROS, CASA E FACULDADE. Uma dezena de caso - que eu terei a oportunidade de narrá-los - me choviam como água, mas isso nem um pouco me alegrou. Isso só me fez perceber que nós precisamos cada vez mais deixar de ser tão esnobes e notar que tem uma realidade crua acontecendo por ai.

Para completar o post de hoje, vou falar de algo que ficou martelando na minha cabeça bem antes de eu entrar no plantão. Uma amiga me escreveu uma mensagem dizendo que EU IA PERCEBER QUE A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE NÃO É UM CONTO DE FADAS NAS EMERGÊNCIAS. Então, tarde na "noite" [01:20h] tive o insight que eu estava esperando: outra amiga, que estava no plantão, fazendo uma sutura em um paciente que tinha trauma de agulhas (sic), tratou o paciente com toda a calma, explicando o procedimento e falando sobre a anestesia... ela mostrou-me a medida de atenção em emergência que eu quero ter - rápida sim, mas sem esquecer que estamos lidando com pessoas...