terça-feira, 29 de março de 2011

E agora? O que é que eu vou fazer?

Foto retirada de fraternidadeeamazonia.blogspot.com
Se perguntarmos para alguns (para não dizer muitos) estudantes qual o paciente que ele considera mais difícil de lidar a resposta será: crianças. Não que elas tenham algo tão diferente dos adultos e idosos, mas é que tem certas sutilezas que devemos aprender antes de nos aproximarmos de uma criança em um leito.
Lembro-me do primeiro contato que eu tive com uma criança dentro de um centro hospitalar. O pequenino, cerca de 6 anos, estava na emergência para tomar aerossol e nós precisávamos fazer uma coleta de secreção do nariz dele (para isso era necessário a colocação de uma seringa com uma extensão dentro da cavidade nasal dele).
Assim que nos aproximamos - eu e outra colega - ele começou a "esperniar". Sua mãe lhe pedia calma e quanto mais ela falava, mais ele batia os pés na maca. Isso sem que tivéssemos tocado nele. Quando finalmente colocamos os aparatos (máscara e luvas) parecia que tínhamos batido nele porque o grito foi ensurdecedor. Então, daquele pequeno ser, eu ouvi coisas que, bem, não posso escrever aqui por questões óbvias... Um "rosário" de nomes feios, como diria a minha mãe! A mãe dele nem para repreender!
O fato é que ele fez e aconteceu que nós não conseguimos fazer nada. O MELHOR FOI QUANDO ELE TENTOU MORDER MINHA COLEGA... MORDER, ACREDITA?!
Hoje eu já entendi que crianças precisam ser conquistadas antes de qualquer procedimento e, mais que isso, devem ter confiança na gente. Ai eu me pergunto: como fazer essa mágica em menos de 10 minuto?! Por favor, pediatras e estudiosos do ramo, me respondam, porque eu ainda acho muito, muito difícil conquistá-las.

2 comentários:

  1. realmente, crianças são, hm, peculiares .. haushaushuahsuha .. conquistá-las sempre que possível, mas quando não o for, o negócio é a contenção mesmo .. os pequeninos às vezes podem até parecer entender o procedimento e tals, mas não se iluda muito: eles são mais espertos do que aparentam, e, sim, querem te ludibriar! haha .. conversa vai, conversa vem, e na hora do 'vamo ver', lá vem o esperneio de novo .. e logo quando a gente achava que tinha vencido a batalha! mas é assim mesmo .. pelo menos em geral, o negócio é só consolar o pequenino depois, porque em geral eles ficam muito magoadinhos quando não conseguem evitar a nossa intervenção .. mas como eu disse em post anterior, isso depende de outras coisas também, especialmente da supervisão de quem você está, e a conduta que essa pessoa tem para essa situação .. uns trocam 2 palavrinhas com a mãe e partem pra contenção .. outros até tentam chegar n'um acordo com o pequenino, mas inúmeros fatores impedem o sucesso da empreitada (emergência, outros pacientes a atender, cansaço, etc etc) e lá vamos nós pra contenção ..

    mas eu nunca esqueço de um episódio de quando eu estagiava num serviço de emergência .. chegou um menininho em seus 10 anos eu acho, com um ferimento corto-contuso em couro cabeludo .. aí lá vem a frase clássica 'olha, suellem, tu não queres pediatria? vai lá então ..', e jogam o menininho pra mim! ô dó! adoro criança e realmente penso muito na pediatria, mas isso não significa que eu saiba lidar com elas! .. enfim, tudo é motivo pra 'se livrar' do esperneio da criança né? ok. lá vai suellem preparar tudo e tals, vai tentar fazer amizade com o menino e tentar suturar. ele deixa? adivinha .. não! depois de alguns (vários) minutos tentando convencer o menininho a me deixar suturar, e ele dizendo 'tá tá' e na hora 'H' desistia, vem um amigo meu (estagiário há mais tempo que eu no serviço, já possuidor das manhas de lá) e pergunta se eu quero que ele suture, já que eu não tava conseguindo. eu aceitei e lá foi meu amigo, cheeeeeeeeio de pose, querer colocar moral no menino .. nada de muito brutal, mas só um pulso menos delicado e talvez (só talvez) mais firme que o meu .. resultado: aumento do soluço, e desistência do moleque .. e haja meu amigo tentar fazer amizade com ele, e o menino, nada .. até que ele, depois de concordar com a sutura pela milésima vez, e pela milésima vez levantar e pedir pra parar, eis que ele diz 'peraí peraí, eu quero a TIA!' e aponta pra mim! .. e eu: *---------------------------* ! ahsuhaushauhsuaha, sério, derreti mil vezes, me senti cheia de moral por ter sido escolhida .. afinal de contas o menino escolheu a minha postura, provavelmente considerada boba por muitos, mas que foi a que o meu pacientezinho escolheu! e lá foi suellem, toda feliz e saltitante fazer a sutura, e o menino se comportou como um rapazinho. logo que teve aquele nível basal de contenção, porque se não tem, é até perigoso a criança se mexer e se machucar com o instrumental, mas o menino mesmo concordou que a mãe dele o segurasse, só pra ele não perder a coragem. um amor! depois dessa, fiquei com um sorriso de orelha a orelha m-e-s-m-o. ganhei uns mil pontos na escala de experiência prática de relação médico-paciente. e eu amei! :)

    moral da história (pelo menos pra mim): se a conduta for sua, faça o que você acredita ser o melhor; se a conduta for de outro, faça-a mas floreie com o que você acha correto .. e corra o risco de dar certo, ou não.

    ;*

    ResponderExcluir
  2. Adorei sua história... e agora estou passando por isso no estágio... ter minha conduta, florear a dos outros e torcer pra que dê certo...
    beijos, Suellen!

    ♦ http://pacientesensinam.blogspot.com ♦

    ResponderExcluir

Sinta-se a vontade para expressar o que quiser, de forma que isso acrescente algo de valioso ao blog: o seu pensamento!