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- O que trouxe a senhora aqui?
- Doutora, eu tô com dor aqui no ombro, nesse dedo, nessa panturrilha, no punho direito e cotovelo esquerdo. Tenho dor de cabeça, tenho mais isso e mais aquilo...
Colhida a história da paciente e realizado o exame físico por duas internas e eu, ficamos aguardando a doutora para discutir o caso. Um pouco mais de conversa e a paciente começou a contar as coisas que estavam agravando seu estado de saúde, a situação com o marido, a baixa auto-estima... UMA SÉRIE DE OUTROS FATORES QUE PASSAM DESPERCEBIDOS QUANDO FAZEMOS UMA CONSULTA RÁPIDA E SEM VONTADE.
De nada adiantaria prescrever os remédios sem as recomendações que se seguiriam (emagreça, coma comidas saudáveis, faça exercício), e menos ainda se não tivéssemos tido a sorte de nos aprofundar na história da doença, que também é aquilo que se sente. O BELO DE SE TRABALHAR NA ÁREA DA SAÚDE É ENTENDER QUE O SER HUMANO É MAIS DO QUE AQUILO QUE NOS FALA, MAS É TAMBÉM O QUE SENTE, O QUE DEMONSTRA, O QUE ESCONDE! Mais do que dores no corpo, ela precisava desabafar a situação de humilhação que estava passando, sentindo-se feia e não-amada.
Eu não soube o que dizer. A interna, com maestria, deu-lhe as recomendações necessárias e falou um pouco do auto-cuidado e do amor-próprio. Ali, naquele ambiente pouco acolhedor, a paciente pode chorar e receber a atenção que precisava. Ali foi feita a medicina humanizada que eu tenho procurado.