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- E Dona Fulana, a senhora cai muito?
- Caiu sim, minha filha. Um dia desses cai de uma escada ali, na minha casa, ai senti um gosto de sangue na minha boca e muita dor. Peguei e coloquei uma xícara de água e coloquei sal dentro e tomei, porque eu lembrei que era bom pra sangramento, essas coisas.
O conhecimento popular nem sempre é o inimigo da saúde, aprendemos muito com os "fazeres populares". Aprendemos que alguns alimentos podem mesmo ser "reimosos" (ainda que não se consiga comprovação científica) e aprendemos que maracujá é um bom suco para quem anda com a pressão alta, apesar de não substituir a redução da ingesta sódica e a tomada da medicação. Mas muitas coisas são feitas que chegam a preocupar-nos.
Lembro-me das inúmeras vezes que discutia com a minha mãe sobre "um ótimo remédio para vomitar": coloca-se cinza quente do borralho do fogareiro em um copo com água fria e toma tudo. Também, quem não vomitaria!?
Meu pai, então, é o primeiro a correr para a cozinha quando os primeiros sintomas de dor-de-garganta aparecem: segundo ele, nada melhor para curar do que uma boa colher de margarina esquentada na boca do fogão ("Bom mesmo é com manteiga-de-garrafa", ele diria!) com meia colher de sopa de sal. Meia colher de sopa de sal!!! Realmente, não sentiria mais a dor-de-garganta porque minha garganta seria corroída e deixaria de existir.
Minha avó mesmo media os "umbigos" dos seu filhos com o galho do peão-roxo e colocava em baixo do pote de água, mas não antes de procurar pela casa um bom botão para colocar no buraquinho da barriga do bebê também para evitar a hérnia. Pois é, e a infecção do coto umbilical?
No dia-a-dia dos profissionais da área da saúde é importante reconhecer alguns "fazeres populares" que podem prejudicar o paciente. LEVAR PARA A REZADEIRA, SIM. E PARA O MÉDICO? TAMBÉM! Assim eu aprendi com meus professores de Assistência Básica à Saúde. Não há nada melhor do que resolver o problema do paciente e, principalmente, ajudá-lo a não adquirir outros problemas. Jamais seremos donos da verdade, e uma crítica que fazemos hoje pode ser a nova opção terapêutica de amanhã. De toda forma, somos obrigados a compartilhar o que conhecemos e incorporar o que de bom nos é oferecido!
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