Imagem retirada de ela-aquariana.blogspot.com.br/ |
Sim, se eu a cativasse, sua vida seria como cheia de Sol... foi o que o Pequeno Príncipe ouviu e o que foi repassado a centenas de gerações. E eu não a cativara! Não fiz meu trabalho corretamente.
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Na manhã seguinte, bem cedo, entrei no quarto em que ela estava e iniciei o questionamento usual: dormiu bem, está tossindo, a urina mudou de cor... em cinco minutinhos de conversa, iniciei o exame físico. Puxando abaixo dos olhos para ver que ela não estava corada. Avaliando alterações na pele em busca de focos infecciosos. Colocação das mãos em suspensão para ver que ela estava tremendo... Ela estava tremendo?
- Dona Fulana, quando foi que a senhora começou com esse tremor na sua mão?
- Quando eu comecei a tomar minhas medicações... mas eles ficaram piores porque eu tô nervosa. Queria sair desse hospital - sua voz estava embargada e em seus olhos o conhecido brilho de lágrimas que teimam em cair estava despontando.
Então tudo passou a fazer sentido. Por que eu não percebi antes? Ela estava há mais de uma semana no hospital e eu achando que poderia se comigo o problema. Puro egoismo. CLARO QUE DEIXEI PASSAR UMA COISA ESSENCIAL NO EXAME CLÍNICO: O SENTIMENTO. Aprendemos que o paciente nunca vem só com a doença, ele tem uma história, problemas com marido, casa para cuidar e a vizinha fofoqueira que fica comentando que "a Dona Fulana vive hospitalizada, o que será que ela tem?". Pacientes têm dias bons e dias ruins. E tem também médicos/estudantes que eles gostam e que eles não gostam, por que não? Mas esta paciente me ensinou que, algumas vezes, o nosso egoísmo é tão grande que não conseguimos enxergar o que nos salta aos olhos!
Nossa muito legal o seu blog. Acho que ele é o primeiro com esse intuito de relatar as rotinas e sentimentos assim (:
ResponderExcluirhttp://www.avidaemletras.com/
Dani,
ResponderExcluirMuito obrigada, espero sempre sua visita aqui!
* pacientesensinam.blogspot.com *