Na quarta edição da série "Outras Impressões" compartilho com vocês o texto de Natália Suellen, estudante da Universidade Federal do Ceará, que trata de um tema que nos remete muitas reflexões... tratar todos os pacientes de maneira equânime. É uma constante luta pessoal de muitos profissionais (e estudantes) que desejam fornecer ao paciente o que eles necessitam, sempre!
Natália Suellen - estudante de Medicina |
Após cinco (5) anos de curso de Medicina, muitos conceitos já estão estabelecidos e comporão minha conduta inicial como médica.
Certas questões éticas ainda em discussão como o aborto, a eutanásia, o atendimento de familiares e amigos, apesar de longe de serem unanimidade, não me impedem de me posicionar por uma ou por outra decisão, desde que bem amparadas numa argumentação lógica e coerente.
Uma questão bem mais simples, a meus inexperientes olhos, é a de como deve ser uma Relação Médico-Paciente aproximadamente ideal. Para tanto, acima de tudo, respeito máximo ao paciente e ao seu sofrimento.
Outros itens básicos desta prescrição seriam:
- Conquista diária pela confiança do paciente
- Postura ética adequada (não é porque os seus valores são diferentes dos do paciente e é óbvio que você não os precisa mudar, que você vai expô-los)
- Proximidade e distanciamento adequados (avaliar diariamente a proporção entre as pontas desse espectro tão dicotômico)
- TRATAR IGUAL OS DIFERENTES...
E foi nesse último que me detiveram hoje.
Numa conversa informal no ambulatório com os residentes e a staff, tocou-se no assunto de quando seria a ocasião/situação que justificaria a um médico dar a seus pacientes seu número de telefone celular. De todos ouvi que é preciso saber selecionar para que pacientes e casos abrir essa janela para sua vida pessoal.
Da maioria, ouvi que essa intimidade só deve ser oferecida a pacientes de consultório particular...
Eu não entendi bem o motivo dessa distinção, e tive medo de perguntar porque tive quase certeza de que a justificativa me agrediria e retiraria boa parte da admiração que eu tinha por aqueles profissionais(?).
E mais uma vez, eu me posiciono sozinha quanto à minha conduta futura. Tratar igual aos diferentes e RESPEITAR AS PESSOAS, DA MESMA FORMA QUE EU PROCURO FAZER NA MINHA VIDA, pois, na verdade, não deve haver diferença!"
Talvez, Dinne, não haja discriminação nessa questão de a quem dar o telefone celular, mas sim, uma relação institucional, na medida em que o médico pode estar ligado apenas a si mesmo-daí ele tem um consultório particular, que é sua empresa-ou pode estar vinculado a um hospital-que também pode ser uma empresa, mas também é uma coletividade.
ResponderExcluirIsso mesmo!
ExcluirA grande questão é essa...: o médico - e futuramente nós mesmos - saber essa distinção entre agir com retidão e igualdade com todos ou não ligar para nada disso...
ResponderExcluirIsso é muito complicado!
Nós (aspirantes a profissionais da saúde e médicos) nunca, escute bem, NUNCA deixaremos de ser Médicos. Seja para a sociedade, seja para os amigos, familiares, conhecidos e inimigos. Será muito difícil nos depararmos com situações em que estamos DESvinculados da Medicina. Desde o dia que recebemos o resultado do vestibular até o dia em que trataremos do nosso próprio mal, antes de morrer, seremos médicos com inúmeros 'clientes' (como atualmente querem dar de sinônimo aos pacientes). Uns bem queridos, outros nem tanto. Uns amigos, outros indiferentes. Uns interessantes, outros em desvalor. E daí teremos que 'classificar' o cliente que mereça nosso telefone particular, mas então percebemos que devemos selecionar a DOENÇA que aquele PACIENTE nos expõe e então que nos pareça merecer tamanha intimidade. Eis um quesito de suma importância: as doenças são iguais, mas e os pacientes, são iguais? Será que a minha alergia é igual a sua alergia? Será que a minha infecção intestinal é borbulhante como a sua? Talvez seja por isso que o nosso digníssimo SUS designa tratar dos iguais de forma diferente. Vamos sim dar, doar e distribuir nosso celular, telefone fixo, e-mail, twitter, facebook e orkut aos nosso PACIENTES. Eles merecem sim o nosso interesse e ficam por satisfeitos em saber do tamanho da nossa preocupação. E olha que isso ajuda muito no tratamento, ajuda mesmo. E como prega a famosa Relação Médico-paciente, um médico 'familiarizado' ao mal do paciente, em muitos sentidos, consegue melhor adesão do paciente ao tratamento e ajuda da família na resolução do problema de saúde em questão. Além disso, um médico atencioso e que sabe fazer um bilú-bilú no seu paciente fecha um bom diagnósticos, em 90% dos casos (fontes seguras), apenas com uma atenciosa e delicada anamnese. Fica claro para quem lê essas minhas poucas palavras que eu sou super-doadora de mim na profissão que escolhi para seguir. Sempre que possível serei do meu paciente. Serei dele. Serei para ele. Sou sim adepta a troca de números de celulares. Sou sim.
ResponderExcluir[Laís Brasil, acadêmica de Medicina do 5º período (2011.1) da UESPI)
A questão versou acerca de, diante de um mesmo quadro, dividir os pacientes entre usuários da rede privada e do SUS! Isso é que não pode existir, inclusive segundo o Código de Ética Médica!
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