quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Diagnóstico Difícil

Foto retirada em acrturtle.blogspot.com
Pela primeira vez presenciei um dito "diagnóstico difícil". Estavamos - professor, turma , paciente e familiares - analisando um punhado de imagens de tomografias. O paciente, um senhor interiorano, simpático e participativo, nos contava como andava sem apetite, enquanto o professor conversava baixinho com o residente. Após os encaminhamentos e recomendações, o paciente e os familiares se retiraram da sala. Diagnóstico: câncer de pulmão. Obviamente que foram solicitados outros exames confirmatórios, porém era praticamente certo esse diagnóstico.
Algum tempo depois, já ao fim do expediente, os familiares retornaram para esclarecer algumas dúvidas sobre o que lhes foi dito e para que conversássemos melhor com eles. O fato é que o diagnóstico não tinha sido apresentado ao paciente que, ao ver do profissional que o estava acompanhando, era velhinho e não precisava de mais esse estresse na vida. Foi então que, com todas as palavras, foi compartilhado com os familiares que ele estava com um câncer e que os exames precisavam ser realizados com extrema rapidez. Um dos familiares, aparentemente a filha mais velha, começou a chorar enquanto o médico falava de como eram os exames e as opções terapêutica. Ao concluir o que falava, O MÉDICO CALOU-SE POR UM SEGUNDO E UM SOLUÇO ESTRIDENTE RASGOU O SILÊNCIO DA SALA.
Nós, estudantes, estávamos apenas observando, espectadores do choque de realidade, do que iremos conviver por longos dias: familiares tão necessitados de atenção quanto o paciente. O médico, impassível, disse apenas que o diagnóstico não era bom (ao que ela respondeu que era péssimo) e disse que ela tinha que se controlar para não transparecer a preocupação e dar forças ao pai. Falou ainda que ela poderia permanecer na sala o quanto precisasse e se retirou para seu merecido (?) descanço do almoço (10:30h).
NEM  UM LENÇO LHE FOI DADO, MUITO MENOS ALGUNS MINUTOS DO SEU DIA OU ALGUMA MIGALHA DA SUA PACIÊNCIA.

2 comentários:

  1. Dra. Anja!
    Adorei a tua visita...
    Como dia a frase célebre: "Mais vale cairmos nas mãos de um médico feliz do que um médico sabedor."... aqui acredito que já está etade da cura (nem que seja da Alma!) de um paciente!
    Força nessa caminhada!
    A música é o "Avé Maria" de Shubert...
    A música que acompanhou a minha Mãe até ao fim...

    um anjo

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  2. Muito bom ter compartilhado essa vivência no blog, apesar de essa experiência não ter sido uma feliz-experiência...
    Mas é ótimo termos ideia de que isso acontece, e não devemos fechar os olhos para essa realidade. Pergunto-me se o papel do médico seria só um de caráter científico? Sabemos que não, mas por que será então que só aprendemos isso na faculdade, praticamente?

    Parabéns pelo ppost!
    =)

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