O terceiro texto da série foi escrito e vivenciado por Andreza Liara Machado na disciplina que a iniciou em Semiologia. Saber reconhecer o que de bom você pode ofertar, antes de identificar as coisas ruins, é a ideia central desse texto, que nos leva a imaginar os doces olhos de uma vovozinha na enfermaria de um hospital público.
Andreza Liara Machado - estudante de Medicina |
Estávamos estudando coração, assim, fui a um quarto com pacientes da cardiologia e me aproximei de uma senhora que concordou em responder à anamnese. NO DECORRER DA ENTREVISTA, ELA COMENTAVA COISAS CADA VEZ MAIS PEESSOAIS. Só o ato de ouvi-la com atenção, parecia que, além de estimulá-la a falar muito sobre si, a deixava feliz. Parecíamos tão íntimas, minha timidez esteve ausente mesmo quando perguntei sobre sua vida sexual, sobre seu relacionamento com sua família e sobre drogas.
Chegou seu suco e, mais do que preocupação em atrapalhar a anamnese, ELA PARECIA NÃO QUERER SER ATRAPALHADA NESSE MOMENTO QUE ERA DELA, que ela se sentia a vontade para narrar tudo que a preocupava, suas expectativas...
Após o breve e incompleto exame físico, era chegada a hora de agradecer e ir. Então, ela tentou levantar-se, e minhas palavras e as de sua nora que insistiam para ela permanecer sentada, já que ela estava recuperando-se de uma cirurgia recente, foram vãs. Ela levantou-se e falou que precisava me dar um abraço.
Segurando-me para não desabar em prantos ali mesmo, saí aos pulos. Com a certeza de que mesmo tendo tão poucos conhecimentos técnicos, simplesmente ouvir ajudou-me a melhorar o dia daquela senhora e, sobretudo, o meu próprio dia. "
lindo! :)
ResponderExcluirbeen there!
alias, todo dia ainda né?