Pintura de Hippolyte Flandrin: Jovem sentado a beira mar (1836) |
Sabe aqueles dias em que se está exausta, querendo apenas se recostar em um canto para ler (sim, ler, já que quando eu estou nos hospitais não tenho muito sono, fico mais para "eufórica"!). Era um desses dias, quando fomos ver uma ocorrência com o médico-plantonista.
Era um senhor de meia-idade, que já vinha sendo acompanhado por médicos, mas que precisa urgente de atendimento médico. Começaram os procedimentos e eu fiquei auxiliando o doutor. Estava tão entretida no que fazia, que me assustei ao ouvir um som estranho, diria até gutural, que chegou aos meus ouvidos não sabia por onde. Levantei rapidamente a vista e DEPAREI UMA FISIONOMIA DISFORME, UMA MISTURA DE RISO E DOR SE DESENHAVAM NAQUELA FACE DE ONDE O SOM INDISTINGUÍVEL BROTAVA. Era um homem chorando, um choro ao mesmo tempo dolorido e trancado, como se escapasse aos poucos pela boca que não queria calar.
Olhei intrigada aquela cena. Vira outras vezes homens chorando, obviamente. Choro de amor, de raiva, até de dor; mas esse choro foi diferente! Era como se nenhum outro barulho daquele movimentado hospital estivesse mais importunando, e apenas aquele som se fizesse ouvir. Era fato: homens também choram!
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