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Quando a médica entrou no consultório e repassamos o caso, a adolescente mais uma vez disse do seu desagrado com a outra profissional e que não aguentava mais ficar em fila de espera de posto de saúde, que não tinha paciência para isso. Como estávamos rastreando doença dermatológica, a médica solicitou que ela se despisse para verificar se havia alguma mancha em seu corpo e ela olhou por detrás da franja, com a cabeça baixa e os olhos vivos, bem levantados e falou "O que?!". A médica repetiu a solicitação. Ela:
- Não, todo dia eu me olho no espelho, não tem mancha nenhuma não!
- Mas é necessário que a gente avalie, a menos que você realmente não queira - disse a médica.
- Eu não quero, não precisa - disse a adolescente e "ponto final"!
Eu e minha colega estávamos irrequietas com a situação. Não bastava o seu olhar ao entrar para nós duas, meras estudantes, depois essa recusa e, por fim, ainda disse que não tinha saco para ficar esperando atendimento em fila de posto. Fiquei pensando na história já batida do Pequeno Príncipe, quando é dito que é necessário cativar as pessoas/coisas. Pensei em como seria importante que aquela adolescente sentisse mais segurança em nosso atendimento para que se deixasse examinar e que se desarmasse. Seria essencial cativá-la para que ela pudesse ser efetivamente atendida.
Entendo que não é possível "cativar" a todos, mas é bem possível tentar. QUANDO ELA SAIU, FIQUEI COM UMA SENSAÇÃO DE TAREFA NÃO CUMPRIDA, como se me mandassem catar rosas e eu só achasse papoulas!
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