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Esses dias fui surpreendida por alguém que me observava na enfermaria de um grande hospital. Eu estava procurando o professor e parei um segundo para vestir o jaleco. Displicentemente, coloquei minha bolsa e livros sobre uma bancada e me virei. Uma senhora, que passava no corredor, cruzou "a vista" comigo e involuntariamente eu lhe sorri. Sorri e continuei o processo de vestir o jaleco.
De repente, aquela senhora parou e pediu-me licença para falar:
Pois não?
É que, desculpe estar falando isso com você, mas é que EU FICO MUITO FELIZ QUANDO ALGUÉM QUE PASSA POR MIM ME DÁ UM SORRISO. Tem gente que passa e parece que nem vê a gente!
Parece que têm um "rei na barriga", né?
É, é só isso, com licença.
Aquilo ficou martelando na minha cabeça. Desde quando aquela senhora estava no hospital? E mais: quantas vezes havia passado por vários e vários estudantes/médicos, e eles não teriam percebido sua presença?!
Não sou a simpatia em pessoa, minha timidez beira inclusive a antipatia, talvez por isso esse fato tenha me tocado tanto. Porém, em um ambiente em que as pessoas pedem um pouco de atenção às suas vidas, MUITOS DE NÓS AGEM COMO PEQUENOS DEUSES NA TERRA. Como se uma "apoteose" (transformação em deus) ocorresse quando entrássemos para a faculdade. Certa vez, ouvi a seguinte frase (e peço desculpas por minha falha memória não me permitir citar o autor): "Quando uma pessoa faz Medicina ela acha que é Deus... quando ela se forma, ela passa a ter certeza disso!". Não sejamos assim! Isso não é digno para o ser humano, menosprezar os demais por julgar-se mais.
Depois encontrei a mesma senhora, ela estava acompanhando o marido doente. E, ao revê-la, me veio a mesma sensação que me acompanha desde o primeiro dia que eu entrei naquela enfermaria: os pacientes têm sempre muito a nos ensinar!