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- Vocês acham que esse exame alterado é alguma coisa? Será que ele está doente de novo?
Como responder a isto? Nesses momentos é que percebemos duas coisas importantes: não sabemos tanto para explicar aos pacientes/parentes e somos, entretanto, peça fundamental em alguns tipos de atendimento. Algumas vezes os acompanhante não têm coragem de perguntar ao médico (ou este não deixa que eles falem). Daí nos sobra a importante tarefa de fornecer informação de qualidade e de, principalmente, confortar os familiares.
Bem, o fato é que os olhos daquela mulher me fizeram pensar que eu não seria tão capaz assim de responder. ELES TINHAM UMA PROFUNDIDADE DE QUEM TEMIA A RESPOSTA, DE QUEM SABIA QUE A VIDA É EFÊMERA E QUE SEU MARIDO PODERIA PROVAR-LHE ISSO. Os acompanhantes dos pacientes, muitas vezes, tem uma carga tão pesada quanto a do próprio doente. Eles podem não ter as náuseas frequentes, dores no corpo ou a perda da acuidade visual, mas sofrem por ver quem ama passar por tudo isso. Alguns deles aguentam o choro, a angústia, o silêncio e a agressividade do seu ente, sabendo que podem apenas apoiá-lo.
Àquela mulher foi dito que mais exames deveriam ser realizados para chegar ao diagnóstico, mas aquilo não bastava para ela, que passaria 24 horas ao lado dele, seu marido, sem saber se ele estava doente outra vez. Então pedi-lhe apenas o que era possível naquele momento, possível para mim e para ela: pedi-lhe para tentar se manter forte porque ele precisava daquela fortaleza, precisava de alguém que o mantivesse de pé.
Ao final da consulta, ela nos agradeceu, um a um, e eu soube que o que podíamos fazer por ela fora feito. E soube que os parentes também precisam desse nosso remédio chamado Atenção!
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