sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Qual sua dificuldade?

Foto retirada do blog asrodinhas.blogspot.com
Hoje, 3 de dezembro, comemora-se o Dia Internacional de Luta dos Portadores de Deficiência e meu post será sobre um portador de deficiência visual que tive o prazer de conhecer. Nem todas as aulas da faculdade são tão, digamos, interessantes, mas algumas vezes nos surpreendemos com elas. Esse portador, que não vê problemas em ser chamado de "cego" (como muitos de nós, inclusive eu, pensamos), foi esclarecer pontos importantes e ignorados por nós. É desnecessário dizer que por sua personalidade forte e suas conquistas na vida (estava fazendo faculdade... de novo, pois já era formado em uma), ficamos todos embevecidos pelo seu relato. O que me chamou bastante atenção foi uma das observações feitas por ele a certa do tratamento que recebia dos profissionais de saúde. Disse que, certa feita, ao entrar no consultório médico, o doutor, ao avistá-lo e perceber a sua condição começou a consulta... gritando!!! Ele disse para a gente: EU SOU CEGO, NÃO SURDO! E muitas vezes, por ignorância (leia-se "não-conhecimento") ou por falta de traquejo, tratamos os pacientes portadores de deficiência de uma maneira, digamos, preconceituosa.
Muitos profissionais tratam as pessoas com deficiências físicas como se não tivessem possibilidade de entender, e isso é algo a ser abertamente discutido nas faculdades, nos hospitais, nos parlamentos... não se trata de uma questão de defesa de ideais, mas de cidadania. Outra coisa que aprendi nessa disciplina foi ver que os deficientes não são corretamente ouvidos; por exemplo, uma moça foi a um consultório, cega e grávida, e o médico disse que só explicaria como cuidar da criança quando ela viesse com mais alguém, ... isso dispensa comentários!
Outra questão interessante é que se fala tanto em integração dentro das faculdades, mas na nossa própria faculdade há prédios que cadeirantes não conseguiriam entrar. E é um prédio público! Bem, a questão trás bem mais problemas do que caberiam nas minhas palavras, então seguem alguns links para quem quiser saber mais um pouco da vida dos portadores de deficiência.




Ah! Mais uma coisa, sabe o que o palestrante-cego nos disse, COISAS DO SEU DIA-A-DIA QUE AS PESSOAS NÃO VÊM: disse que sua mãe às vezes lia para ele os livros da faculdade (quando não tinha disponível em Braille), o relógio dele dizia que horas eram e que ele percebia mudanças que alguns namorados/companheiros (que enxergam) não percebiam em suas namoradas... e isso lhe valia algumas discussõezinhas e algumas conquistas!



3 comentários:

  1. Adorei o post!
    E acho um absurdo esses médicos que os tratam mal ou com ignorância!

    Acho que os cegos as vezes veem coisas melhor do que nós, mas com o tato e audição!

    Bjuuu

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  2. Meus caros,
    Parabéns pelo blog de vocês. E visitem o Acta Pulmonale, um blog que talvez seja interessante manter ao alcance do mouse.
    http://airblog-pg.blogspot.com

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  3. Esse é mais um dos desafios que nós, estudantes de medicina, temos que estar preparados para enfrentar. Temos a obrigação de entender um pouco mais o universo desses pacientes, para que possamos prestar a eles o atendimento a que tem direito.
    Mais um comentário que eu gostaria de fazer: vc disse que na nossa faculdade há prédios em que deficientes não conseguem entrar. É a condição da maioria deles!! Como, por exemplo, um cadeirante pode ter aula nos microscópios da morfologia e da patologia? É um absurdo!
    Parabéns pelo blog, Audinne!! Beijos!!
    Larissa Almeida

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