HGF - Fonte: Google |
Esse post foi produzido do ponto de vista de uma cidadã, de modo que quaisquer que se sentirem ofendidos têm livre direito de manifestar-se. Esse espaço também é seu!
"Você já esteve em um hospital público?"
Como podem ver, dois pontos se destacaram:
²' O segundo mais votado foi em que alguém acompanhou e achou o atendimento bom. Certa vez, fui ao Hospital Y com minha mãe, hospital referência aqui em Fortaleza. Ela foi prontamente atendida e medicada, fizeram exames, aferiram a pressão e conversaram com ela. Ela foi ouvida por um médico e acompanhada por enfermeiras, que seguiram as instruções deste. Apesar de movimentado, o atendimento não foi prejudicado (aparentemente). Como eu estava só olhando e eu não era definitivamente quem estava sentindo dor, não tenho respaldo para garantir que tenha sido um excelente atendimento... mas pelo que eu pude ver, foi eficaz!
¹' O primeiro mais votado é o mais bradado pelos cidadãos não só de Fortaleza, mas do país como um todo. SÃO CONHECIDOS CASOS E MAIS CASOS DE MAU ATENDIMENTO, FALTA DE MATERIAL E DE RECURSOS HUMANOS. Uma colega de turma relatou uma atividade realizada por um(a) professor(a): ele(a) solicitou que os estudantes passassem vagarosamente nos corredores do Hospital X e pediu que reparassem no que normalmente a nossa pressa não nos permite. Ela disse que foi uma situação irreal, que era inacreditável como a gente passa todos os dias pelos mesmos locais e não via os pedaços das paredes caindo e os acompanhante pessimamente alocados. Aliás, os acompanhantes também passam dias e dias dormindo em cadeiras!
A primeira vez que eu entrei em um grande hospital, a sensação foi horrível. Entramos (minha amiga e eu) de jaleco, passando pela entrada de emergência. A visão era de um campo de guerra, com dezenas de pessoas deitadas nas macas, cadeiras, chão e similares. Ao passar, as pessoas nos olhavam, uns com raiva ("Esses médicos nem olham pra nossa cara! Não vão fazer nada, não?") e outros com um olhar de "súplica" ("Esses médicos nem olham pra nossa cara²! Façam alguma coisa, pelo amor de Deus!"). Como fazer algo se ainda estamos no início do curso? Eu me senti muito mal e certamente é uma cena que eu pretendo guardar para relembrar todos os dias que HÁ SEMPRE ALGUÉM COM NECESSIDADE DE ATENDIMENTO!
Esses dias eu ouvi uma frase que merece ser repassada e que foi de grande importância para que eu entendesse que (primeiro) não há apenas coisas ruins na nossa saúde e (segundo) nossa forma de agir vai definir se iremos ou não compactuar com o descaso que existe. Não vou citar quem falou porque (ainda) não pedi permissão a pessoa:
"A saúde (no Brasil) é uma ilha de eficiência em um mar de lama"Asseguro, então, aos estudantes e profissionais da saúde que por ventura estejam lendo esse post: não é culpa só do profissional e somos/seremos forçados a trabalhar (muitas vezes) com recursos precários ou sem recursos mesmo. Mas precisamos dar o melhor que pudermos, afinal também fazemos a saúde do Brasil.
Estava curioso para visitar um hospital publico na época, (tinha uns 16 anos). Torci meu braço, como não tinha plano de saúde fui parar no IJF. Era uma sexta a noite mal sabia eu que era o começo de um fim de semana torturante porque cada vez mais aparecia ferido...Então, vi cada coisa, cada desumanidade. Foi uma loucura!!! Por um lado hj eu falo que é bom eu ter conhecido, passado por aquela experiencia e po certeza que eu dei mais valor minha vida...É isso..inté
ResponderExcluirTotalmente pertinente este assunto que você nos traz. E eu devo dizer que achei muito boa essa atitude do seu professor de 'convidar' vocês a 'perderem um pouco de tempo' (claro que não é perder, mas muitos podem considerar - e consideram sim! - perda de tempo) para realmente parar e ver, enxergar, aquilo que muitas vezes, (1) ou de fato não vemos, não prestamos atenção, (2) ou no início vemos, mas somos levados a pensar que 'é normal', que 'sempre foi assim', que 'não podemos fazer nada pra mudar', e acabamos banalizando as deficiências que o sistema tem. Eu tive 1 ano de estágio (dito) supervisionado em um Hospital Pronto-Socorro e de lá eu pude tirar algum aprendizado sim (apesar do que muitos falam de que 'não vale a pena ir pro ps porque se aprende tudo errado lá' ..). Pude ter muitas reflexões. Esse sentimento de entrar num hospital, de jaleco, e ver olhos cansados de tanta espera se voltando para você, seja com um ar de súplica, de 'por favor, me atenda!' ou de revolta, eu já senti também. E se eu não sentia essa sensação de 'o que eu posso fazer, se ainda estou no começo do meu curso?!' é porque desde o início eu sabia qual era o meu papel ali onde eu estava inserida, e das implicações de fazer qualquer procedimento médico sem supervisão, tanto pra mim, quanto pro próprio paciente (mesmo se eu soubesse o que fazer). Mas isso não me impedia de fazer o que estava ao meu alcance: conversar com os pacientes, e ouvi-los, e explicar que eu era apenas estudante, e que assim como eles esperava o médico; explicar que ele já ia chegar; procurar saber se o médico viria ou não, e a que horas chegaria; tentar encaminhá-los, dentro do hospital, pro local correto pro seu atendimento. Claro que eu não fiz isso na primeira vez, ou na segunda, e nem na terceira. Eu só aprendi com o tempo (e vencendo um pouco a vergonha, a timidez, e o medo de me comunicar com o paciente) que era isso que eu poderia fazer, e que era o que eu sempre deveria fazer, mesmo quando eu fosse médica mesmo. Aprendi que poucos profissionais (e menos ainda estudantes) se preocupavam com aquelas pessoas. Não pacientes, mas pessoas. E tudo o que elas queriam era não ser só jogadas ali, a espera de algum - qualquer um - atendimento. Elas querem ser tratadas com o respeito e dignidade que merecem, como pessoas, como seres humanos e, se esses não tiverem sido motivos suficientes pra convercer alguém, como clientes de um serviço pelo qual elas pagam, e caro.
ResponderExcluirO que eu vejo que nos falta, a todos nós profissionais da saúde, é realmente enxergar que esses pacientes são pessoas, humanas, dignas de respeito, e que saem de suas casas e procuram um local que lhes é estranho, e nesse local buscam um ou mais estranhos que lhes possa cuidar, tirar a dor. E, quando isso não é possível, o mínimo que podemos dar é atenção, é informação, é respeito. Isso é o que deve ser sempre feito, na verdade. Como foi dito, sabe-se que faltam materiais e profissionais em muitos locais de atendimento. Mas isso não pode justificar o tratamento indigno que muitas vezes é dado ao paciente. Precisamos sim nos colocar no papel dessas pessoas, e tratá-las com todo o respeito e dignidade possíveis. Pelo menos é assim que eu penso.
Não sei se consegui ser clara.
E eu realmente gostei muito do texto do post.
É o primeiro post que eu leio, mas desde já parabéns pelo blog. (: