sábado, 6 de novembro de 2010

O seu procedimento tem riscos, sim!

Imagem de Arthur Rackham (Scrooge) - Você quer conhecer a verdade?
Atualmente discute-se muito a necessidade de compartilhar com o paciente o passo-a-passo dos procedimentos a que será submetido e a sua doença. É interessante como muitos de nós tende a pensar que não adianta discutir essas coisas com o paciente, já que este não teria - teoricamente - como entender muitas das coisas que nós diríamos. Mas é fato que há diversas formas de expor esses fatos aos pacientes, e que eles têm total direito de saber e discutir sobre esses procedimentos.
Dia desses eu tive uma das mais ricas experiências no que diz respeito a pôr em prática o que se fala em sala. Em uma aula, abordamos uma paciente para fazer uns exames já que esta seria submetida a uma cirurgia. Até ai, eu não sabia como seria isso, se seriam feitas perguntas e o encaminhamento , ou se nós apenas auscultaríamos coração/pulmão, olharíamos as mucosas e leríamos exames laboratoriais. Pois bem, começada a aula, o(a) doutor(a) começou a fazer uma série de perguntas, sempre explicando o porque de cada uma delas - para nós e para a paciente. Ao fim disso, virou-se para ela (e exclusivamente para ela) explicando os riscos da cirurgia e principalmente os procedimentos. Falou do tubo que percorreria a sua garganta, da forma que seria sedada, de como acordaria e o que ocorreria caso houvesse complicações na cirurgia. falou do suporte técnico do Hospital "X" e de como, pela sua experiência, ele via os riscos dessa cirurgia. TUDO ISSO DE MANEIRA CLARA, OBJETIVA E DOCE - A PACIENTE SOUBE EXATAMENTE O QUE LHE OCORRERIA E PÔDE TIRAR SUAS DÚVIDAS.
Por muito tempo duvidei de que fosse possível abordar o paciente, explicando-lhe sua doença e como a equipe hospitalar agiria. Naquele dia pude ver que, mais do que pacientes, são pessoas que - como eu já havia mencionado antes (texto "Mas não foi isso que você me perguntou") - têm autonomia. Outro dia tive a oportunidade de ver um procedimento ser feito sem ao menos falar com a paciente: vi-a deitada na maca, umas sete pessoas da equipe para cima e para baixo, atarefados demais para avisar a hora que iriam injetar o anestésico na veia. Ao penetrar nos vasos sanguíneos, o ardor "não avisado" pôde ser sentido até por mim, que assistia a expressão facial da paciente modificar-se, contorcer-se a olhos vivos, sem que a equipe percebesse. E não foi somente eu quem percebeu... Enfim, compartilhar com o paciente os fatos da sua doença pode parecer boabagem, mas é um direito que ele tem. Porém, têm-se formas e mais formas de se fazer isso, mas esse é assunto para uma outra hora...

Um comentário:

  1. Adorei, super importante notar essas nuances, Audinne. Orgulho-me disso, tenha certeza!

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