Uma emoção única na frente de todas as outras que você já teve |
Algumas vezes na nossa vida os momentos pedem que fiquemos com "cara de paisagem", e algumas vezes isso não é fácil! Quem já passou por uma situação dessa, sabe do que eu estou falando. Ter que "engolir o choro" e respirar fundo... é a única dica que eu posso dar, porque emocionar-se é inevitável. Bem, das experiências que já tive, vou contar-lhes uma delas. Entramos no quarto em que só tinham dois pacientes (♂). Fizemos a entrevista e seguimos para entrevistar uma parente do outro paciente (ele estava com dificuldade de se comunicar). De repente, o primeiro paciente começou a gritar. Um(a) funcionário(a) estava trocando seus curativos e ele estava sentindo uma dor enorme. OS SEUS GRITOS DE DOR ME ESTREMECERAM, ERAM TÃO INTENSOS QUE EU QUASE PODIA SENTI-LOS BATER NOS MEUS TÍMPANOS. Não eram gritos escandalosos, eram gritos de um homem que sofria. A turma ficou imóvel e o(a) professor(a) continuava discutindo algo sobre a doença do segundo paciente... mas ai eu já não estava mais ouvindo o professor. Como aquela senhora que eu disse no post anterior (texto "A primeira..."), cometi o mesmo erro: virei e o fitei. O(a) funcionário(a) continuava trocando os curativos da perna amputada, e eu continuava a olhar todo aquele sofrimento sem poder agir.
Logo depois, outra emoção, de uma maneira diferente. A parente do segundo paciente começou a falar da evolução da doença do seu marido e aquela forma doce de estar ao lado dele me fascinou. A todo momento ela se preocupava com o conforto dele, suas vontades e necessidades. Aquela mulher caminhou ao lado do marido (com sua enfermidade) por mais de dez anos - fora o período de casados anterior à doença. Ela comentou do quanto ela havia emagrecido e sofrido no período do diagnóstico da doença e nos mostrou fotos do casamento deles. Falou dos filhos e de como aquele homem foi pouco a pouco padecendo com a doença. Abruptamente interrompeu o relato que fazia, encurvou-se sobre o leito e virou-se para o marido: "Você falou alguma coisa, meu bem?". A FALA DELE ERA SÓ UM FILETINHO DE VOZ, MAS A AUDIÇÃO DA ESPOSA OUVIA PERFEITAMENTE QUALQUER MENÇÃO A FALAR... é, eu disse "menção"!
Então as emoções realmente fazem parte do nosso cotidiano, às vezes forte, às vezes nem tanto, mas sempre nos acompanham. A mini-enquete que eu fiz teve o seguinte resultado:
Você já se emocionou na frente de um paciente?
A quem ainda não se emocionou... bem, sempre há uma primeira vez! Aos demais lembre-se que SOMOS HUMANOS, MAS NOSSOS PACIENTES TAMBÉM: PODE SER QUE, ÀS VEZES, ELES PRECISEM DA NOSSA FORÇA; E OUTRAS VEZES, DO NOSSO SENTIMENTO.
Frequentemente tenho sensações semelhantes diante de pacientes. Todos eles, com suas histórias distintas, são únicos e especiais. Por vezes tenho vontade de escrever sobre cada um. Legal seu blog e a idéia de demonstrar o que aprendes diante deles. Parabéns pela sensibilidade! Medicina é indubitavalmente uma profissão encantadora!!! Abraços.
ResponderExcluirQue bom o seu blog.
ResponderExcluirContinue progredindo
Bjo