sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Emocione-se... pelo menos uma vez!

Uma emoção única na frente de todas as outras que você já teve
Depois de algumas semanas de blog, chegou ao fim a mini-enquete que eu fiz para abordar um tema muito importante: "Você já se emocionou na frente de um paciente?" (agradeço quem votou, sua contribuição foi muito importante!)
Algumas vezes na nossa vida os momentos pedem que fiquemos com "cara de paisagem", e algumas vezes isso não é fácil! Quem já passou por uma situação dessa, sabe do que eu estou falando. Ter que "engolir o choro" e respirar fundo... é a única dica que eu posso dar, porque emocionar-se é inevitável. Bem, das experiências que já tive, vou contar-lhes uma delas. Entramos no quarto em que só tinham dois pacientes (♂). Fizemos a entrevista e seguimos para entrevistar uma parente do outro paciente (ele estava com dificuldade de se comunicar). De repente, o primeiro paciente começou a gritar. Um(a) funcionário(a) estava trocando seus curativos e ele estava sentindo uma dor enorme. OS SEUS GRITOS DE DOR ME ESTREMECERAM, ERAM TÃO INTENSOS QUE EU QUASE PODIA SENTI-LOS BATER NOS MEUS TÍMPANOS. Não eram gritos escandalosos, eram gritos de um homem que sofria. A turma ficou imóvel e o(a) professor(a) continuava discutindo algo sobre a doença do segundo paciente... mas ai eu já não estava mais ouvindo o professor. Como aquela senhora que eu disse no post anterior (texto "A primeira..."), cometi o mesmo erro: virei e o fitei. O(a) funcionário(a) continuava trocando os curativos da perna amputada, e eu continuava a olhar todo aquele sofrimento sem poder agir.
Logo depois, outra emoção, de uma maneira diferente. A parente do segundo paciente começou a falar da evolução da doença do seu marido e aquela forma doce de estar ao lado dele me fascinou. A todo momento ela se preocupava com o conforto dele, suas vontades e necessidades. Aquela mulher caminhou ao lado do marido (com sua enfermidade) por mais de dez anos - fora o período de casados anterior à doença. Ela comentou do quanto ela havia emagrecido e sofrido no período do diagnóstico da doença e nos mostrou fotos do casamento deles. Falou dos filhos e de como aquele homem foi pouco a pouco padecendo com a doença. Abruptamente interrompeu o relato que fazia, encurvou-se sobre o leito e virou-se para o marido: "Você falou alguma coisa, meu bem?". A FALA DELE ERA SÓ UM FILETINHO DE VOZ, MAS A AUDIÇÃO DA ESPOSA OUVIA PERFEITAMENTE QUALQUER MENÇÃO A FALAR... é, eu disse "menção"!
Então as emoções realmente fazem parte do nosso cotidiano, às vezes forte, às vezes nem tanto, mas sempre nos acompanham. A mini-enquete que eu fiz teve o seguinte resultado:

Você já se emocionou na frente de um paciente?

A quem ainda não se emocionou... bem, sempre há uma primeira vez! Aos demais lembre-se que SOMOS HUMANOS, MAS NOSSOS PACIENTES TAMBÉM: PODE SER QUE, ÀS VEZES, ELES PRECISEM DA NOSSA FORÇA; E OUTRAS VEZES, DO NOSSO SENTIMENTO.

2 comentários:

  1. Frequentemente tenho sensações semelhantes diante de pacientes. Todos eles, com suas histórias distintas, são únicos e especiais. Por vezes tenho vontade de escrever sobre cada um. Legal seu blog e a idéia de demonstrar o que aprendes diante deles. Parabéns pela sensibilidade! Medicina é indubitavalmente uma profissão encantadora!!! Abraços.

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  2. Que bom o seu blog.
    Continue progredindo
    Bjo

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